Colunas: Jogos 5 junho, 2024
por Redação PerifaCon

Review: Dandara – Trials Of Fear

Uma joia rara dentro do próprio gênero de Metroidvanias

 

Texto por: Gabriel Henrique dos Santos

Nunca consumi e me aproximei tanto de produções nacionais quanto no ano de 2023. O Brasil tem uma produção muito rica de histórias que vão desde o cinema, música, quadrinhos e jogos. E, decidido a começar a limpar o meu backlog de jogos (basicamente uma listinha de games em espera), finalmente comecei a jogar o aclamado indie brasileiro Dandara.

“O mundo de Salt está à beira do colapso. Os cidadãos, antes espíritos livres, agora estão oprimidos e isolados. Mas nem tudo está perdido. Desse ambiente de medo, surge uma heroína, um raio de esperança. O nome dela é Dandara.” Essa é a descrição do celebrado Metroidvania  de 2018 desenvolvido pelo estúdio Log Hat House.

A ambientação do jogo é incrível, com uma trilha sonora forte e gráfico todo pincelado em pixel art, cheio de detalhes que enriquecem os cenários. Sério, todas as áreas do jogo tem pelo menos uma parte que vai fazer você se sentir obrigado a tirar “print e fazer um wallpaper de tela.

São momentos e espaços claramente feitos com carinho pelos desenvolvedores, criando um mundo mágico e marcante. Toda essa beleza é reforçada quando você encontra várias referências ao Brasil dentro do jogo, desde ruas de Belo Horizonte, músicas nacionais, até uma personagem inspirada por Tarsila de Amaral e sua famosa obra Abaporu.

Dandara é um metroidvania bastante único, sua movimentação depende apenas de um botão no qual você pode fazer a protagonista saltar de um ponto A a um ponto B da tela. O alcance e direção que Dandara pode saltar é mostrado por um ponteiro em verde, que você pode controlar pelo mouse ou o joystick do controle. Embora, à primeira vista, essa escolha no design possa parecer uma grande limitação ao movimento da protagonista, ela torna o jogo bastante dinâmico, rápido, até estratégico e propicia interações interessantes com o mapa. 

Várias vezes Dandara vai do chão da fase até o topo escalando entre plataformas e obstáculos e, para se ajustar entre os pulos em formato de Z que a protagonista faz, a câmera troca o ângulo fazendo tudo girar e ganhar uma nova perspectiva. É comum você entrar em uma sala pelo teto e se deparar com um pedaço de mobília virado do avesso assim que você se movimenta

Esse sistema de movimentação também influencia o combate do jogo. Dandara tem um ataque padrão e novas habilidades que ela vai desbloqueando no decorrer da aventura. O ataque padrão de flechas da personagem funciona basicamente como uma shotgun, com vários tiros de curto alcance disparados juntos. Então através da mecânica de saltos do jogo, você vai estar sempre procurando tirar muito proveito do espaço para se aproximar dos inimigos e derrubá-los de uma vez.

É desafiador na medida certa e a cada nova habilidade que você ganha, a interação com os inimigos e o cenário ficam cada vez mais divertidas, criando novas possibilidades e jeitos criativos de resolver problemas. É uma ótima sensação poder passar por uma sala lidando com todos os inimigos sem levar dano. Traz um sentimento de progressão muito gratificante.

Mas essa experimentação com o gameplay também tem seus contras. Na minha jogatina, por vezes os controles não respondiam bem aos comandos. Você tenta se esquivar de um ataque de um inimigo jogando Dandara para um canto, mas o jogo não entende e te joga na direção errada. Ou o ataque de flechas dela não carrega a tempo porque o jogo não entendeu que você segurou o botão de ataque. O recomendado pelos próprios devs é jogar o jogo por um controle. Completei a maioria dele pelo teclado e mouse, então quem seguir a recomendação pode se frustrar bem menos.

Outra questão que vem a acontecer com mais frequência é ao acessar o mapa do jogo. Ele não indica a posição exata de Dandara dentro da fase, e os ambientes não são tão detalhados nele. Como toda vez que Dandara se movimenta o ângulo da câmera muda dependendo do lugar, é muito fácil de se confundir onde você está e para que direção deve ir. Leva um tempo até se acostumar a isso.

Apesar disso, Dandara é uma joia rara dentro do próprio gênero de metroidvanias. Fiz quase 100% do jogo, com minhas 18h na Steam muito bem usadas. Estou ansioso para a próxima empreitada da Long Hat House, chamado MARGINALIA EXPRESS, que parece igualmente inventivo, mas ainda sem data de lançamento.