Banner 16 julho, 2024
por Redação PerifaCon

Manoel Taylor: quando passado, presente e futuro se encontram na arte 

Do Rio Grande do Sul à São Paulo, o artista segue construindo uma narrativa protagonizada por personagens negros.

 

texto por: Lucas Bonfim

Oficialmente Taylor Manoel, pelo não reconhecimento ao sobrenome ‘Taylor’ no momento de seu registro, o gaúcho de 28 anos, conhecido artisticamente como Manoel Taylor, chegou em São Paulo movido pela necessidade de se conectar ainda mais com pessoas que se parecem com ele, por meio da arte. 

“A minha chegada foi muito boa!” comentou o artista.

Popularmente conhecida como ‘cidade das oportunidades’, São Paulo se tornou a nova casa do artista, podcaster, pesquisador e influenciador, ganhando um novo significado: amor. Afinal, além de expandir as possibilidades em sua carreira e estreitar laços com amigos que conheceu quando ainda morava no Rio Grande do Sul, um dos motivos para a mudança de estado do artista foi o seu relacionamento com a também influenciadora, Milena Enevoada. 

Olhar para o passado para construir o futuro 

Carolina Maria de Jesus, Martin Luther King, Malcon X e Muhammad Ali já foram representados pelo ilustrador, que cria conexões entre as figuras históricas e a cultura pop, contemporânea, geek e cyberpunk. 

Mas essas não serão as únicas personalidades homenageadas. Recebemos um prévia de duas próximas obras que compõem a coleção afrofuturista do artista: “Talvez um spoilerzinho de leve aí, mas a Sueli Carneiro e o Machado de Assis são os próximos que eu tô pra fazer.” revela Manoel

O reconhecimento emociona

Olhar ao redor procurando por uma pessoa parecida com você e não encontrar ninguém, infelizmente, ainda é algo comum na realidade de pessoas negras. Quando falamos sobre essa busca por identificação com personagens de filmes, séries, animações e quadrinhos, a sensação de não pertencimento é ainda mais presente. 

Manoel revela que durante sua infância, ao brincar com outras crianças, fingindo ser um super-herói, sentia dificuldade de se reconhecer na escolha mais comum para as outras crianças: o super homem.

A sensação de estar sempre no mesmo lugar, ocupando sempre o papel do mesmo personagem, fez com que ele desenvolvesse uma nova estratégia. Buscando e criando novas referências para si mesmo e para pessoas que se parecem com ele, o artista tem em sua trajetória, a forte presença do Movimento Afrofuturista. 

“O que me levou a fazer arte foi justamente isso, ser o que o super choque era pra mim. O que o John Stewart era pra mim.”

Ao se reconhecer em seus super-heróis favoritos, Manoel Taylor desenvolve uma linguagem artística autêntica, protagonizada por pessoas negras, que impacta e influencia positivamente seu público, composto por diferentes pessoas e idades. 

Durante o Beco dos Artistas, na terceira edição da Perifacon, o quadrinista e ilustrador, recebeu em sua mesa, a visita de uma criança e guarda o momento com muito carinho em sua memória: 

“Eu não tava preparado pra aquilo, sabe? Na hora que aconteceu, um menininho veio assim… eu tava fazendo um cardzinho na hora. Caneta bic. Um super homem pretinho. Ele ficou emocionado. Parou, ficou olhando eu fazer, aí eu dei o desenho pra ele, sabe? Dei o cardzinho pra ele… Cara, deu vontade de chorar na hora, sabe? É muito da hora isso!”

A principal característica do Afrofuturismo é, justamente, devolver para as pessoas negras o direito de imaginar um futuro para si mesmo. Quando as obras produzidas pelo artista impactam a vida de uma criança negra, temos uma certeza: o futuro começa agora

Os próximos passos de Manoel Taylor

“Acho que tem tudo pra eu lançar um quadrinho daqui um tempo” revela Taylor

Além de estabilizar a sua carreira como quadrinista e ilustrador, o artista demonstra interesse em reforçar a sua identidade visual e conceito artístico, de modo que, ao contemplar sua arte, as pessoas possam não apenas reconhecê-lo como o criador, mas também se sintam acolhidas por sua obra.

O artista estará presente na PerifaCon2024 no beco dos artistas