por Redação PerifaCon
Kasa Branca: O QG de afeto genuinamente brasileiro
O filme que teve uma boa participação na 48° Mostra Internacional de São Paulo, também foi vencedor de quatro prêmios no Festival do Rio
Por Ester Raquel Silva Nascimento
Com uma lente cultural da vivência do diretor e roteirista Luciano Vidigal, o longa “Kasa Branca” é o primeiro trabalho individual do artista, que está sendo bem sucedido na opinião do público geral e da crítica dos festivais nacionais.
Essa é uma produção que além de ser sobre pessoas negras da periferia, é feita pelas mesmas. Onde o protagonismo negro está tanto no lugar do objeto, que são os atores, quanto do sujeito no local da criação que faz uma diferença enorme em tela.
A favela é um espaço cheio de potencialidade com histórias que merecem as salas de cinema, pelo nível de identificação gerada que é mais comum de maneira genuína no cinema independente e preto. Isso é fortemente representado pelo movimento da câmera, que ajuda na construção das ideias da trama como imagens mais contemplativas, ao mesmo tempo, que explora a paisagem viva e dinâmica desse lado do Rio de Janeiro.
A história é sobre Dé (Big Jaum) um adolescente negro que mora na quebrada Chatuba no RJ que vive com a sua avó, Dona Almerinda (Teca Pereira) que foi dianosticada com Alzeheimer e já está na fase terminal da doença com pouco tempo de vida. Junto dos seus melhores amigos, Adrianim (Diego Francisco) e Martins (Ramon Francisco) eles vão enfrentar o mundo para aproveitar e fazer valer os últimos dias de vida da idosa.
O elenco ainda conta com Gi Fernandes, Babu Santana, Roberta Rodrigues, Otavio Muller e Guti Fraga. Além dos atores conhecidos, o filme marca a estreia do rapper L7nnon e do DJ Zullu que retratam a favela no cinema na contramão dos estereótipos convencionais.
Kasa Branca tem drama, humor, afeto e amizade que busca essa comunicação universal para passar a mensagem de alguém que é cria de favela, que encara muitos desafios ao longo de oito anos para esse projeto sair do papel.
“Fazer esse filme é um sonho, é um caminho de possibilidades, assim não é fácil fazer cinema no Brasil e poder estar aqui agora realizando um sonho, agora premiado reforça que é possível. Eu amo fazer cinema, o Romário fala que nasceu para fazer gol e eu acho que eu nasci para ser diretor de cinema.” Afirma o diretor e roteirista Luciano Vidigal.
O resultado é uma história que demonstra a força ancestral de contar histórias para o mundo, de irmos até aquele lugar que funciona como um tipo de quartel general onde podemos nos reunir e ter coragem de sermos nós mesmos, num ambiente acolhedor.
Essa é a responsabilidade que o cinema deve: a contínua premissa política de humanizar os corpos negros que continuam sendo esteriotipados dentro da mídia.