Banner 23 março, 2023
por Redação PerifaCon

‘John Wick 4: Baba Yaga’ é porradeiro, exaustivo, mas bom!

No quarto filme da franquia John Wick, o assassino de aluguel continua com a cabeça a prêmio e precisa enfrentar inimigos em três continentes para alcançar seus objetivos de vingança e liberdade. A jornada se intensifica em sequências de ação em inúmeros cenários e são executadas com maestria pela equipe liderada por Chad Stahelski, diretor […]

 

No quarto filme da franquia John Wick, o assassino de aluguel continua com a cabeça a prêmio e precisa enfrentar inimigos em três continentes para alcançar seus objetivos de vingança e liberdade.

A jornada se intensifica em sequências de ação em inúmeros cenários e são executadas com maestria pela equipe liderada por Chad Stahelski, diretor e dublê, conhecido por trabalhos como Buffy: A Caça Vampiros e responsável pelas duas últimas sequências. 

Em quase três horas de filme, o roteiro de Shay Hatten (John Wick 3) e Michael Finch (Hitman: Agente 47) não esconde seu propósito: Nos impressionar com uma variedade ainda maior de cenários e por tanto, de informações sobre o universo ficcional da saga. Nos aprofundamos em regras, possibilidades e rituais, enquanto acompanhamos um protagonista que encontra desafios internos e externos. O John Wick de Keanu Reeves está envelhecendo, cansado (mais lento), e menos implacável que nos filmes anteriores, o que torna a sua jornada ainda mais complexa e interessante para a construção do personagem.

Falando em personagens, temos um elenco que só enriquece a história, cada um ao seu modo, com seu plano de fundo que funciona independente da trama principal. Destaque para a estreia da cantora Rina Sawayama nas telonas e para Shamier Anderson (e seu pet), conhecido por papéis na TV. Menção honrosa também para o ator Lance Reddick, o elegante e sisudo Charon, de quem nos despedimos precocemente na ficção e na vida. 

Embora eu normalmente defenda a existência de filmes longos, quando a história assim exige ou merece, esse não é o caso de John Wick 4. 

Reprodução: Sony Pictures

Por tratar-se de uma despedida do personagem, a grandiosidade de elementos pode se tornar um abuso desnecessário e um desrespeito àquilo que foi construído anteriormente. Digo isso, porque até certo ponto o filme nos dá tudo aquilo que amamos na franquia: coreografias de luta, sequências de tirar o fôlego, personagens que alimentam a tensão, plano sequência de porradaria…. Para então, repetir o ato, mudando apenas a localização em que ocorre. E veja, não estou dizendo que são cenas idênticas, mas algumas têm a mesma função para a história, ou seja, provocam a mesma sensação em quem o assiste. Sendo assim, será que são necessárias para a história ou um capricho para nos dar em excesso tudo aquilo que realmente amamos no gênero?

Nesse momento você me pergunta: Fã ou hater?

Fã de filmes de ação, do Keanu Reeves, de coreografias de luta, de artes marciais, do Hiroyuki Sanada usando terno e quimono, do carismático Donnie Yen, da defesa de cachorros. Por outro lado, hater de gordura de roteiro, principalmente em histórias que são muito mais objetivas em sua raiz e ainda mais quando não há justificativa para tal gordura.

John Wick é um homem quebrado pela vida, pelas próprias escolhas e por um luto interminável que facilmente é confundido com pura sede de vingança. 

Neste último filme, ele está sentindo o peso da idade, do cansaço e do quão em vão tem sido todos os seus esforços para se ver livre da Alta Cúpula. Ao mesmo tempo ele se questiona e é questionado sobre essa tal liberdade, sobre o que sobra se um dia esse sonho se realizar. Quem é John Wick sem sua violenta profissão, sem as dores que carrega? O que é liberdade para o personagem e quais as consequências de finalmente obtê-la? A resposta nós sabemos. 

Personagens são seus objetivos, conflitos e as consequências de suas escolhas. Sem objetivos, o personagem não existe. E assim John Wick encerra uma parte de sua jornada, dando pequenas pistas de um futuro promissor que não nos deixará cansado da franquia, se ela estiver nas mãos certas.