Banner 15 janeiro, 2024
por Redação PerifaCon

“Culpa e desejo”: Final brilhante ou apenas frustrante?

Um filme que está disposto a te causar incômodo e entreter ao mesmo tempo. O que será que a diretora Catherine Breiillat aprontou dessa vez?

 

Texto por: Mychelle Santos

Anne (Léa Drucker) é uma advogada brilhante, conhecida por ter sucesso nos casos que defende, luta por justiça e sai em favor das pessoas que sofreram algum abuso durante a vida. A mulher aparentemente tem uma vida perfeita, muito dinheiro, carreira de sucesso, um bom marido, duas filhas adoráveis e…Um enteado de 17 anos que pode acabar com o seu conto de fadas!

Sendo um remake do filme dinamarquês “Rainha das copas”, a obra cinematográfica “Culpa e desejo” dirigida pela sempre polêmica Catherine Breiillat, é uma produção que não se importa com a moralidade ou escândalos. O longa veio para apresentar uma proposta diferente das tradicionais, definitivamente não é um clichê com um final já esperado. 

A película apresenta a delicada situação de Anne, uma mulher de 50 anos que desenvolve um romance com seu enteado de 17. Théo (Samuel Kircher), filho do primeiro casamento de Pierre (Olivier Rabourdin), se mostra perdido, carente e apaixonado pela sua madrasta. A partir do conflito principal, vemos outros problemas importantes se desenvolverem, será que Pierre descobrirá a traição? Como ele irá reagir? Théo finalmente deixará de ser visto como um monstro? Afinal, quem é o verdadeiro vilão da história?. 

O tempo todo a personagem principal tem medo de ser descoberta, mas só isso, ela não se preocupa com o que o romance pode significar para Théo, para os sentimentos de seu marido ou para suas filhas, apenas se seu império iria desmoronar caso seu segredo seja exposto. 

Quando Théo resolve confessar ao seu pai, algo inusitado acontece, Anne consegue mudar toda a narrativa e fazer com que o enteado vire, mais uma vez, o monstro da história. 

Aproveito para dar os meus parabéns aos atores em geral, porém gostaria de destacar a atuação de Léa Drucker e Samuel Kircher, ambos conseguiram dar vida a personagens complexos mesmo se tratando de temas tão delicados. 

Samuel consegue transmitir a imagem de um adolescente impulsivo, confuso, imediatista e, ao mesmo tempo, sentimental e carente de atenção. Léa, desde o primeiro momento apresenta Anne como uma mulher forte, destemida e obstinada pelo sucesso, quando se sente vulnerável consegue dar a volta por cima realizando um contra-ataque feroz. 

A obra pode causar desconforto aos mais sensíveis por ser um assunto incômodo. Desde o início há uma tensão entre os amantes, uma troca de olhar intensa e nada casual. Ao longo da trama os dois vão ficando mais próximos e o envolvimento aumenta. Théo se apega emocionalmente a Anne, a impressão que tive é de que ele estava sofrendo muito com a instabilidade desse romance proibido, uma hora tudo iria vir à tona.

Ainda tenho dúvidas a respeito da minha opinião sobre o final, estava esperando uma grande resolução de problemas, diferentemente, o que obtive foram mais perguntas do que respostas. Mesmo o desfecho sendo inesperado, “culpa e desejo” foi muito bem produzido, história envolvente e difícil de ser esquecida, a aventura embaraçosa rende muitos pontos a serem discutidos. Recomendo.