por Raphael Guimarães
75 anos de Stephen King – Um filme por década
Dos anos 2020 aos de 1970, existe um filme do Stephen King pra cada um de nós Em 2022, o renomado escritor americano Stephen King está completando 75 anos! Considerado por muitos fãs como O Rei do Horror, o autor entrou para a história ao escrever grandes clássicos do gênero. Como se impactar uma mídia […]
Dos anos 2020 aos de 1970, existe um filme do Stephen King pra cada um de nós
Em 2022, o renomado escritor americano Stephen King está completando 75 anos! Considerado por muitos fãs como O Rei do Horror, o autor entrou para a história ao escrever grandes clássicos do gênero. Como se impactar uma mídia não fosse o bastante, King também é um dos autores mais adaptados do mundo. Suas obras viraram quadrinhos, jogos, séries e, claro, filmes!
O primeiro filme adaptado de um livro de King foi lançado na década de 70,a mesma década em que seu primeiro livro foi publicado. Com isso, o nome Stephen King (normalmente escrito com a fonte serifada retrô que inspirou a de Stranger Things) é famoso por impactar o gênero de horror não apenas na literatura mas também no cinema, muitas vezes usado até como um atestado de qualidade por parte de fãs de todo o mundo.
Para homenagear o legado de King ao longo da história do cinema (e da sua própria!), vou indicar um filme baseado em um livro do autor por cada década de sua carreira. Começando no presente (década de 2020) e indo pra trás, passando pelos anos de 2010, 2000, 90, 80 e 70.
Década de 2020
Chamas da Vingança
Esse é o único dos filmes citados aqui que não foi escolhido por mérito e sim por falta de opção. Ele é simplesmente o único longa adaptado de uma obra do King lançado na época de 2020 até agora, tendo estreado em maio de 2022! E infelizmente não é um dos melhores terrores do ano. Baseado no livro A Incendiária, o filme conta a história da garotinha Charlie (Ryan Kiera Armstrong) que é perseguida pela organização A Loja por conta de seus poderes pirocinéticos e foge com seu pai Andy (Zac Efron).
Infelizmente, o representante da nossa atual década nessa lista não foi bem recebido pela crítica, considerado como uma das piores adaptações de King. Se for pra tirar alguma recomendação desse filme, talvez seja: leia o livro. Ou, no máximo, assista a versão de 1984 com a pequena Drew Barrymore no papel principal.
Década de 2010
It – A Coisa
A década de 2010 foi marcada, entre várias outras razões, por ser uma épóca de blockbusters pouco originais. Entre sequências de franquias e adaptações de livros e quadrinhos, outra artimanha de Hollywood era refazer filmes clássicos com uma roupagem moderna.
Com sorte, alguns desses remakes conseguiam ser até melhores do que os originais. Foi exatamente isso que aconteceu com It – A Coisa de 2017. O livro de mais de mil páginas já havia sido adaptado nos anos oitenta, quando ajudou a criar o tropo de crianças unidas e aventureiras lutando contra uma força do mal, que depois foi homenageado em Stranger Things e, por conta do sucesso da série da Netflix, revisitado pelo remake de It. Deu a volta completa.
Entre as mudanças que a nova versão fez sobre o original, está a sábia decisão de separar a trama em dois filmes. Assim, as partes interessantes e cativantes ficam no primeiro enquanto o segundo fica com o resto (que infelizmente é muito sem graça).
Década de 2000
O Nevoeiro
Em adaptações do King, quase nunca importa quem é que tá dirigindo o filme, muitas vezes a narração literária do autor já faz o seu trabalho cinematográfico e só resta ao cineasta saber como traduzi-la. O Nevoeiro, de 2007, é uma excessão. Aqui, a direção de Frank Darabont é essencial.
O diretor já havia dirigido dois outros filmes adaptados de King antes – Um Sonho de Liberdade e À Espera de Um Milagre. Parece que o costume de Darabont com as histórias de King o deixou bem treinado para que soubesse mesclar bem os dramas humanos com os elementos sobrenaturais característicos do autor, conseguindo até criar um final mais satisfatório que o do livro.
Relaxa, sem spoilers. Esse seria do tipo que realmente estraga a experiência. Afinal, de contas, um filme sobre uma névoa mortal que aprisiona um grupo de civis em uma loja de conveniências exige uma certa dose de mistério.
Década de 1990
Louca Obsessão
Garotinha com poderes, palhaço sobrenatural e névoa misteriosa. Quem só acompanhou as adaptações de King nos últimos 22 anos pode ter uma noção de que O Rei do Horror só trabalha com terror de fantasia e ficção científica. Louca Obsessão (ou Misery), de 1990, desmente essa suspeita.
Sem fantasmas ou monstros, esse filme teve uma de suas cenas adicionada a lista de 100 momentos mais assustadores do cinema, feita pela Bravo. Muito disso se deve a atuação brilhante de Kathy Bates como Annie Wilkes, uma fã que passa a torturar e ameaçar seu escritor favorito depois de descobrir que ele, interpretado pelo saudoso James Caan, planeja matar sua personagem favorita em seu próximo romance.
Stephen King, isso foi específico demais, tá tudo bem?
Década de 1980
Cemitério Maldito
Poxa, escolher UM filme só para os anos oitenta? Castigo do monstro. Foi justamente durante essa década que algumas das melhores adaptações de King foram feitas (e algum dos melhores filmes da história do cinema também). Conta Comigo, Colheita Maldita, O Iluminado, Christine, Cujo, até o Chamas da Vingança original, é tudo anos oitenta. Porém, o que ilustra nossa lista é um que só poderia ser feito naquela década (até porque rolou um remake e foi uma bomba).
Além de contar com Stephen King atuando (!!!), O Cemitério Maldito é puro suco de 80s com suas atuações questionáveis, sua câmera lenta em momentos decisivos, seus efeitos nojentos e sua admirável valentia ao aliar coisas fofas a coisas assustadoras. Não existe na história do cinema uma criança mais adorável do que o pobre Gage Creed logo depois de ser ressuscitado em uma versão maligna. Se o Chucky fosse assim ele conseguiria tudo o que ele quer.
Década de 70
Carrie – A Estranha
Voltamos para o início de tudo.
A primeira década de trabalho de Stephen King. Em 1976, estreou Carrie – A Estranha. O primeiro filme baseado em um livro de King, adaptado do primeiro livro publicado por King (em 1974). E que começo, hein? Não é todo escritor que tem a sorte de ser traduzido para o cinema pelas mãos de Brian De Palma, um dos maiores cineastas vivos.
A direção artística e intimista de De Palma é extremamente efetiva em causar desconforto em quem assiste, além de gerar uma compaixão pela protagonista, trazida às telas por uma Sissy Spacek no início de sua carreira mas já entregando uma performance que não deixa nada a desejar.
Na história, Carrie é uma adolescente de 16 anos que sofre bullying na escola por ser “estranha” e reprimida em casa por ser…mulher. Entre humilhações violentas no baile do colégio e terrorismo religioso por parte de sua mãe, Carrie revela seus poderes telecinéticos em um terror eletrizante que prova, desde o começo, o quanto o Rei do Horror levava jeito pra coisa.
Parafraseando Stan Lee, dá pra dizer que toda adaptação de Stephen King é a primeira de alguém. ‘Carrie’ foi a primeira do mundo todo. Não é pra qualquer um.