por Redação PerifaCon
‘The First Slam Dunk’ é uma grata surpresa para fãs e novatos em quadra
O longa “The First Slam Dunk” chega aos cinemas brasileiros com dublagem oficial.
“Slam Dunk” é a principal referência quando se trata de animes e mangás de basquete – isso há pelo menos 30 anos. O mangá de Takehiko Inoue foi publicado no início da década de 1990, ganhou anime em 1993 e desde então nunca perdeu a relevância enquanto marco cultural. Tanto que em 2022 estreou nos cinemas japoneses o filme “The First Slam Dunk”, que vêm alcançando números astronômicos de bilheteria.
No longa acompanhamos a última partida do time de basquete do colégio Shohoku contra o invicto time do colégio Sannoh durante o campeonato nacional de basquete. Em meio a todas as emoções do jogo, é contada também a história do armador do Shohoku, Ryota Miyagi – aprendeu a amar basquete com o falecido irmão, Sota, e luta pelo sonho dos dois no basquete. Também são entrelaçadas à partida as histórias dos demais membros do time e de alguns adversários do Sannoh. O longa tem roteiro e direção do próprio autor do mangá original, Takehiko Inoue – sendo sua primeira direção audiovisual, o que torna todo o impacto do filme ainda maior.
A trama do filme cobre o final do mangá original, que não foi adaptado no anime da década de 1990. A ideia de um filme que fechasse então a história é algo que existe há quase 20 anos, e que passou por diversas idas e vindas neste tempo – incluindo diversos protótipos, ajustes de técnicas de animação que melhor passassem a mensagem e o aval de Inoue para que o projeto visse a luz do dia. O filme usa uma combinação de animação 2D com 3D, um ponto de equilíbrio entre a estética 2D clássica de animes com uma maior fluidez nos movimentos em cenas com muitos personagens em quadro e de maior ação nas jogadas adquiridas pelo 3D.
A dublagem brasileira ficou a cargo do Estúdio Unidub, responsável também por dublar os animes “Beastars”, “One Piece”, “Dragon Ball Super” e “Mob Psycho 100”. Um destaque da dublagem foi a escolha por não utilizar os termos “gorila” ou “gori”, apelidos pelos quais chamam o capitão Akagi no original em japonês: no lugar a dublagem brasileira usou termos como “Golias” e “grandão”. Infelizmente o original japonês ainda utiliza os termos “gori” e “gorila”, o que é, no mínimo, problemático.
Para quem já conhecia “Slam Dunk”, o foco do filme em Miyagi é uma das primeiras surpresas da produção, já que originalmente o protagonista da história é o seu colega de time Sakuragi Hanamichi – o jovem de cabelo vermelho e personalidade expansiva que, após ser rejeitado cinquenta vezes, começou a jogar basquete por se apaixonar por Haruko Akagi, irmã mais nova do capitão do time de basquete, Takenori Akagi. Colocar Miyagi como protagonista do filme foi algo, no mínimo, inesperado; quando se trata de animes com protagonistas tão marcantes, é raro ter produções focadas em demais personagens que não estejam taxadas de spin-offs ou histórias alternativas – principalmente quando são séries shonens. E isso não diminui a presença de Hanamichi no filme – mesmo que ele tenha, proporcionalmente, menos tempo de tela que Miyagi, as suas cenas são inesquecíveis, acredite.
As reações ao longo do filme foram contagiantes – palmas, gritos de torcida, apreensão, risos. As vezes em sequência, às vezes misturados. O sentimento de estar acompanhando, de perto, o jogo decisivo do nacional de basquete era real durante as 2h de filme. Não é preciso ser fã ou ao menos conhecer previamente “Slam Dunk” para se conectar com o filme; a trama ali apresentada é mais do que o suficiente para envolver todos, sejam novatos ou não. Todos são bem-vindos em quadra, desde que respeitem o basquete e estejam de peito aberto para se emocionarem.
“Slam Dunk” é um mangá de Takehiko Inoue publicado no Japão entre 1991 e 1996 na revista Shounen Jump, totalizando 31 volumes. A trama segue Hanamichi Sakuragi, um jovem enorme de cabelos vermelhos que já foi rejeitado cinquenta vezes por garotas, até que se apaixona por Haruko Akagi. Pelo porte físico do rapaz, ela pergunta se ele joga basquete, e na tentativa de agradá-la, ele diz que sim. Mas a verdade é que Hanamichi nunca encostou em uma bola de basquete e nem sabe como funciona o esporte. Incentivado por Haruko, ele decide entrar para o time do colégio, mas descobre que o capitão, Takenori Akagi, além de ser extremamente exigente quando o assunto é basquete, é também o irmão mais velho da garota. A partir disso, acompanhamos Hanamichi e o time de basquete do Colégio Shohoku em seus desafios, dentro e fora das quadras.
O sucesso da série foi tamanho que, junto dos mangás “Dragon Ball” e “Yu Yu Hakushô”, formou a tríade de principais publicações da revista Shonen Jump no início da década de 1990. Tornou-se um dos maiores referenciais de quadrinhos de esporte, e o seu impacto e relevância seguem vivos. É quase impossível mangas de basquete mais recentes como “Ahiru no Sora” e “Kuroko no Basket” não sofrerem com comparações a “Slam Dunk”, ou mesmo obras que foquem em outras modalidades esportivas.
O autor, Takehiko Inoue, é apaixonado por basquete, tendo também o mangá “Real”, sobre basquete paralímpico. Ele também é o autor do consagrado mangá “Vagabond”, que retrata a história de um dos mais famosos samurais japoneses, Miyamoto Musashi. A arte de Inoue é celebrada mundialmente, sendo um dos nomes mais famosos quando se trata de quadrinistas japoneses.
No Brasil o mangá foi publicado em 2005 pela editora Conrad, e ganhou uma nova edição pela Panini em 2016 – essa baseada em uma edição especial do mangá no Japão, com 24 volumes. O anime, com 101 episódios, segue inédito no Brasil. Assim, o longa “The First Slam Dunk” é a primeira exibição oficial da série no Brasil.
“The First Slam Dunk” está em cartaz nos cinemas, com cópias dubladas e legendadas.
Texto por Leonardo Rodrigues
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