
por Redação PerifaCon
Sorria 2 traz tensão e uma protagonista hipnotizante
Apesar de esbarrar em reviravoltas repetitivas, a sequência traz caos e ansiedade em uma execução incrível
Texto por: Pierre Augusto
No ano de 2022, “Sorria”, dirigido por Parker Finn, estreou nos cinemas e surpreendeu a todos com um “terror de shopping” muito acima da média. Com ferramentas narrativas e um enredo semelhante a filmes como “Corrente do Mal” e “Verdade ou Desafio”, o acerto de Sorria foi sua execução bem-feita. Com a bilheteria alcançando mais de 200 milhões em seu ano de lançamento, não restavam dúvidas de que uma continuação em maior escala estaria por vir em Sorria 2.
Dito e feito, nesta continuação, temos uma crescente de caos e ansiedade triplicada! Com mais violência, mais sustos e mais sorrisos. Apesar de ser uma sequência de seu antecessor, a história apresenta personagens (ou vítimas) novos, deixando claro que o astro dessa franquia será sempre a entidade.
Dessa vez, acompanhamos a diva do pop Skye Riley (Naomi Scott, de Aladdin e Power Rangers), recém “recuperada” do vício em drogas e de um traumático acidente de carro que custou a vida de seu namorado Paul (Ray Nicholson, de Um Crime Passional). E nada melhor para mostrar o sucesso de sua recuperação do que iniciar uma turnê mundial ao lado de sua querida mãe (Rosemarie DeWitt, de Adeus, Professor), que deixa claro todo o seu “apoio” e incentivo para que a turnê aconteça.
Acompanhar uma artista passando por uma experiência exaustiva após um trauma como esse já seria interessante para um bom drama, mas, logo no início, somos apresentados a um antigo amigo e traficante de Riley que, em uma interação no mínimo tensa, acaba sendo possuído pela entidade Smiler, mirando sua tortura psicológica na já traumatizada diva do pop.
Personagens em um contexto mais instigante que o do filme anterior não foram os únicos acertos aqui. A montagem e a trilha sonora brilham ao reinventar os sustos. Muitas vezes vemos o caminho do jumpscare sendo trilhado, mas a criatividade que o diretor Parker Finn imprime nos desarma totalmente. No entanto, essa orquestra de sustos e as técnicas do diretor não valeriam de nada se não fosse o desespero e a perturbação transmitidos por Naomi Scott. Neste longa, a atriz entrega uma aula de atuação, despejando todo o seu talento.
A cada minuto que passa, acompanhamos a montanha-russa de emoções vivida por ela, até o terceiro ato, onde temos o ápice da tensão, já esticada por toda a sequência. Sem sombra de dúvidas, temos a melhor atuação da carreira de Naomi Scott. O tamanho do cansaço e do declínio mental que ela demonstra é tão impactante que é impossível não ficar hipnotizado em seu pesadelo.
Outro mérito do longa é a dinâmica da relação entre Skye e sua “mãe”, que, embora não tão fantasiosa quanto uma entidade assassina, é igualmente assustadora. Fica claro que o papel de mãe é substituído pelo de “agente” da protagonista, onde a saúde mental nunca será tão importante quanto manter a imagem pública e garantir que o dinheiro dos patrocinadores continue entrando.
Por fim, podemos dizer que o aumento da tensão nesta sequência se deve a não utilizar apenas a figura de um ser sorridente com um olhar estranho para causar medo. Somos condicionados a, sempre que vemos tal comportamento, esperar por algo pior. Essa ansiedade, e espera para saber como será o susto, é a armadilha perfeita para colocar um sorriso nos fãs de terror.
O único pesar aqui é o uso de reviravoltas muito semelhantes às do filme anterior, o que pode causar certa frustração. Embora elas estejam melhor construídas, esperamos que isso não se torne um vício frequente nas futuras produções de Parker Finn.