Notícias 1 agosto, 2024
por Redação PerifaCon

Perifacon 2024: PIXO, GRAFITE E A CIDADE – BATE PAPO QUE COLOCA A PERIFERIA NO CENTRO 

Durante o primeiro dia da quarta edição da PerifaCon, o evento recebeu os artistas Nenesureal, Robinho Santana, Cripta Djan e Nazura em um painel mediado por Natália Mota. 

 

Texto por Lucas Bonfim.

Comumente, artistas se referem à arte como ferramenta para se perceber pertencente a um espaço. Quando grafite e pixo são o tema central da conversa, a fala ganha ainda mais força. Não se pode negar o seu pertencimento a um lugar se uma parte sua transforma a visão que outras pessoas têm sobre ele.

Nazura conta que costumava ouvir seus pais dizendo que iam à cidade, quando, na verdade, estavam indo ao centro de São Paulo a trabalho. Se nós, moradores da periferia, somos parte fundamental da sociedade, por que não sentimos que o lugar em que moramos também pertence a ela?

“É a retomada dos excluídos” afirma Cripta Djan.

Mesmo em produções individuais, a arte continua sendo sinônimo de movimento coletivo. Os muros grafitados ou pichados impactam, diariamente, quem os observa. Caminhar por São Paulo e não perceber a presença dessas intervenções em ruas, esquinas, casas e prédios, é impossível.

Nenesurreal, Robinho Santan, Cripta Djan e Nazura no painel / foto: Perifacon

Reconhecendo a importância da chegada de novos artistas, Nenesurreal, referência no grafite, inclusive para outros participantes do bate-papo, falou sobre a importância de outras mulheres terem a oportunidade de chegar a espaços de destaque, sendo reconhecidas pelo trabalho que estão desenvolvendo.

“A gente ainda tá se organizando” comenta Nene.

O pixo, ainda marginalizado, ganha uma nova perspectiva sob o olhar do convidado Cripta Djan e da mediadora Natália Mota, que entendem a manifestação artística também como um recurso educacional. Mota conta que, enquanto educadora, percebe que crianças reconhecem e formam palavras com as letras representadas em pichações.

“Eu fui salvo pela arte, porque eu vi alguém fazendo o que eu queria fazer” comenta Robinho Santana.

Pela necessidade de reafirmar a sua presença no mundo ou por amor a ela, a arte conectou os convidados, a mediadora e o público que acompanhava a conversa e, calorosamente, aplaudia cada fala dos artistas. Se, em algum momento, não nos sentimos pertencentes a algo, naquele momento, na Fábrica de Cultura de Diadema, nos reconhecemos como a nossa própria cidade.