Banner 8 março, 2022
por Rodrigo Bastos

‘Pacificador’ é uma ótima tentativa

Em treze episódios que parecem ter sido recortados e colados de uma série feita em 24 episódios, Pacificador entrega um enredo sem novidade e pressa nenhuma de chegar a qualquer lugar Pacificador se vende como uma série/sátira que faz piada sobre um estereótipo clássico do homem grande com uma arma grande que luta pela liberdade […]

 

Em treze episódios que parecem ter sido recortados e colados de uma série feita em 24 episódios, Pacificador entrega um enredo sem novidade e pressa nenhuma de chegar a qualquer lugar

Pacificador se vende como uma série/sátira que faz piada sobre um estereótipo clássico do homem grande com uma arma grande que luta pela liberdade norte-americana e como isso é o ideal masculino de masculinidade. Com um personagem que desde a primeira cena começa a quebrar esse pensamento com diálogos normalmente agressivos, mas em um tom cômico, a gente tem em Pacificador um anti-herói que segue 8 episódios aprendendo de seus parceiros de time que todas aquelas falas que ele cresceu usando são ofensivas, problemáticas e erradas. Em um eterno bate e rebate de jargões, a série passa a sensação que o pacificador é uma grande criança que tem que ser ensinada como viver propriamente em sociedade respeitando a existência de quem está do seu lado.

O time que recruta o personagem de John Cena é um retrato claro e obvio de que essa é a mensagem que a série vai passar o tempo todo, de maneira exaustiva e as vezes maçante, a todos que estão assistindo. Jennifer Holland e Steve Agee saem direto do filme O Esquadrão Suicida para essa série, como uma punição pelo que fizeram, para ajudar Chukwudi Iwuji em uma missão que não aparenta ter chance alguma de sucesso. Danielle Brooks entra como a novata esse mundo de combate ao crime, e de todos os personagens é a que tem a melhor progressão e desenvolvimento dentro da história, além do próprio protagonista. Leota Adebayo, personagem de Danielle, começa a clássica jornada de autoconhecimento de um herói que culmina em um final importante pro universo da DC nos cinemas e um papel central pra essa agente.

Reprodução: HBO Max

No decorrer dos episódios temos a adição do Vigilante, personagem do Freddie Stroma, que serve como um lembrete constante de quem o Pacificador era e de quão estranha está sendo a mudança abrupta de comportando dele. Um personagem sem uma história própria, que começa e termina exatamente do mesmo jeito e no mesmo lugar, com as mesmas piadas sem humor e suas cansativas falhas de comunicação ele acaba sendo uma muleta pra que diversos acontecimentos de roteiro fossem possíveis, seja uma tentativa falha de invadir uma delegacia até quebrar um celular, o Vigilante é usado pra fazer a história andar mais devagar sempre.

A série tem um grande problema de ritmo, mas diferente de séries do UCM (Universo Cinematográfico da Marvel) que ficam paradas em diversos episódios e depois correm pra resolver tudo no último, pacificador tem um problema bem grande na montagem dos episódios. Com diversos episódios com cortes abruptos de narrativa que não sabem como mostrar a passagem de tempo, seja um dia ou uma noite pra também a tentativa de contar mais de uma história o mesmo tempo sem saber como transacionar de uma pra outra. Mais de uma vez tu te pega achando que o episódio acabou só pra no segundo seguinte ver a história recomeçando em outro lugar e quando o episódio acaba o gancho que normalmente é deixado pra te fazer ter vontade de assistir o próximo está gasto e fraco e não te prende.

Reprodução: HBO Max

Nenhum outro núcleo da série também consegue te prender, seja os detetives da Annie Chang e Lochlyn Munro ou o Auggie Smith (Robert Patrick). Embora o pai tenha um embate e um impacto real na narrativa e uma influência direta no que acontece durante a série e depois dela, nada do que leva ele a chegar nisso é feito de uma maneira aceitável.

Os detetives, apesar de estarem na abertura da série, são completamente descartáveis e suas histórias não tem chance alguma de conquistar nossa empatia porque não chegam a ser importantes pra ninguém, nem antes nem depois dos acontecimentos do final da temporada, já que isso não causa consequência alguma pra ninguém.

Por fim, com uma trilha sonora recheada de Glam Rock e Hair Metal, a série consegue divertir quem é fã das músicas e do estilo de filmagem do James Gunn mas com certeza passa longe de ser uma série excelente, com todos os exageros, que na maior parte do tempo, não consegue se manter dentro da linha do aceitável e divertido e se torna chato e cansativo. A série já tem uma segunda temporada confirmada pela HBO Max. Não tem muito o que se esperar de uma continuação dessa história, talvez com uma influência menor do James Gunn no material completo a gente consiga ter uma profundidade melhor nessas histórias mais densas que não tiveram qualquer chance de aparecer.