por Carissa Vieira
‘O Telefone Preto’ reúne elementos do horror de forma competente
Novo terror dirigido por Scott Derrickson chegou aos cinemas nesta quinta (14/07) O gênero do horror está em alta. Com muitos títulos dos mais diversos subgêneros sendo lançados, estamos em um momento onde os filmes do estilo passeiam por diversos lugares e questões. Adaptado do conto de Joe Hill, o filho do Stephen King que […]
Novo terror dirigido por Scott Derrickson chegou aos cinemas nesta quinta (14/07)
O gênero do horror está em alta. Com muitos títulos dos mais diversos subgêneros sendo lançados, estamos em um momento onde os filmes do estilo passeiam por diversos lugares e questões. Adaptado do conto de Joe Hill, o filho do Stephen King que até traz elementos das narrativas do pai para sua escrita, mas que tem um jeitinho todo próprio de contar histórias,O Telefone Preto é uma grata surpresa que pode decepcionar quem deseja mais um filme apenas para levar susto.
O longa conta a história de Finney e Gwen, um casal de irmãos que sofre com os abusos do pai bêbado e violento. Eles também têm medo por conta da onda de desaparecimentos que anda ocorrendo no local em que vivem. Do atleta cheio de potencial ao brigão do colégio, meninos no período da adolescência simplesmente somem e deixam todo um estado com medo de qual a próxima criança que vai ser raptada.
Filhos de uma mãe com habilidades psíquicas, a garota tem alguns sonhos com os sequestros, mesmo sem ter visto pessoalmente nada deles. E quando seu irmão mais velho é raptado ela começa a tentar utilizar seus sonhos para encontrá-lo.
Enquanto isso, Finney começa a se comunicar com os outros garotos que foram sequestrados antes dele, através de um telefone preto desconectado que existe no lugar em que ele está preso.
O Telefone Preto traz elementos bem comuns ao gênero do horror e os une de forma competente. Um vilão mascarado interpretado pelo sempre excelente Ethan Hawke e uma boa dose de situações sobrenaturais, além das escolhas visuais nostálgicas. A fotografia traz elementos em laranja e outras cores quentes que realmente nos remetem a década que o filme se passa. Junte a isso a trilha sonora e a todo o design de produção, somos levados a década de 70.
O filme não tem muitos momentos de susto, mas consegue trazer uma ótima construção de tensão, o suspense sendo um elemento muito bem trabalhado. E é sempre bom lembrar que para ser horror não precisa ter susto o tempo todo. O gênero trabalha com elementos e convenções que vão muito além disso.
O Telefone Preto traz discussões sobre abuso, laços familiares e trauma; temas que não são tão aprofundados, mas que funcionam na narrativa. E nos apresenta um vilão que cresce por conta da performance de Ethan Hawke. Ele é cruel, volátil e muitas vezes imprevisível. Provavelmente ele mesmo fruto de um trauma, é sádico de uma forma muito particular e que causa repulsa no público. Isso ao mesmo tempo que as crianças são carismáticas e conseguem nos emocionar. Tudo isso em um filme que poderia ser apenas mais uma obra genérica, mas que une seus elementos de maneira bem feita e que captura o público.
Horror mexe com nossas emoções, muitas das mais viscerais. O gore, o susto são elementos que podem fazer parte do gênero, mas não são a única coisa.
O Telefone Preto traz isso em momentos particulares enquanto foca no desenvolvimento dos personagens principais. Tudo sempre trazendo um suspense muito bem construído e que deixa o espectador ansioso enquanto acompanha o sofrimento dos dois irmãos protagonistas.