por Redação PerifaCon
O Dia de Posse mostra como os sonhos promovem realidades
O documentário experimental mostra como o diretor Allan Ribeiro e o “ator” Brendo Washington conviveram durante a pandemia,
Por Ester Raquel Silva Nascimento
Quem nunca sonhou quando era criança em se tornar presidente da república? Esse desejo peculiar é explorado no “O Dia de Posse”, ainda mais num momento do país e do mundo em que a maioria dos jovens estava perdendo as esperanças no futuro.
Por essa história se passar num cenário complicado, com muitos problemas e incertezas, mas que ainda sim, consegue abordar tudo isso de uma forma leve. Aqui vemos o cinema cru, onde o diretor desempenha quase todas as outras funções de um set (por causa do isolamento social), apesar de não ter muitos recursos é capaz de construir imaginários retratando esse jovem bahiano, estudante de direito na melhor universidade federal do país, negro, carismático, ativo nas redes sociais que vive no Rio de Janeiro.
Apesar do gênero mais formal, essa é uma produção performática que flerta em muitos momentos com outros gêneros surpreendendo o público. O desafio foi equilibrar entre os desejos do imediatismo das imagens, representados por Brendo e os anseios do amadurecimento, tratamento do filme refletidos por Allan.
Um fato curioso é que muitos registros do filme, também foram parar nos perfis antes do filme ficar pronto.
O apartamento é o cenário que cativa o público, por sermos convidados para dentro dessa intimidade (com conflitos cotidianos) repleta de questionamentos que não impediram um bom humor natural, pela falta de experiência cênica. Nessa dinâmica social, constante de ter que vencer na base de ser duas vezes melhor, precisamos nos mobilizar para construir essa vitória permanente.
“É simbólico dar posse a esse rapaz de periferia, de interior neste filme que cria realidades e esse é um personagem que usa muito esse termo dá posse. A gente não explica isso tanto, mas quando ele passou no ENEM, na inscrição do Concurso Público e depois que passou ele tomou posse, o que virou uma obsessão dele também por assistir posses de presidentes.” diretor Allan Ribeiro
” Eu encaro a posse como um momento de celebração de conquistas, eu até falo no filme sobre isso que toda pequena conquista que eu tenho falo que estou tomando posse, para dar a magnitude do que esse evento significa” ator Brendo Washington
O longa estreou de forma remota em grandes festivais em 2021, como o O Olhar de Cinema, em Curitiba e retornou agora anos depois no dia 31 de outubro para as salas de cinema nacionais com essa dificuldade dos streamings, para viver a experiência coletiva e imersiva de ver um filme. E quem sabe até votar no futuro num jovem presidente que se preparou para isso a vida inteira, mesmo que começando na inocência da infância.