Colunas: Filmes e Séries 24 maio, 2024
por Redação PerifaCon

“Nosso Lar 2: Os Mensageiros” – Oportunidade de repetir sucesso é desperdiçada

Com atuações robóticas e emoções sem credibilidade, mesmo em momentos dolorosos vividos pelos personagens, o filme não imprime veracidade e se torna mecânico. 

 

Texto por: Natalia Corrêa Conceição

Para alguém, como eu, que nasceu entre as décadas de 1980/90, com toda certeza tem na memória inúmeros filmes brasileiros de qualidade duvidosa, que passavam na sessão da tarde. O filme “Nosso Lar 2”, me trouxe à tona muitas dessas memórias. Com atuações robóticas e emoções sem credibilidade, mesmo em momentos dolorosos vividos pelos personagens, o filme não imprime veracidade e se torna mecânico

O pior é saber que não se tratavam de atores ruins, pois muitos deles já se provaram excelentes. Um exemplo está no ator Fabio Lago, como não sentir raiva do personagem Baiano interpretado por ele em “Tropa de Elite” (2007), ou se sensibilizar com Iberê após conhecer sua história na primeira temporada de “Cidade Invisível” (2021)?

O longa tem todo um ar etéreo, muito similar ao céu da novela “A Viagem” (1994), onde os espíritos desencarnados ficam e tudo acontece em um ritmo lento, muito lento. Em todos os momentos em que os espíritos apareciam tudo se tornava devagar, arrastado, tanto na andar, no falar, nos movimentos e gestos. Acredito que era pra dar uma impressão de celestial, mas a técnica foi usada tão massivamente que nos momentos onde esse recurso era necessário (para dar mais dramaticidade ou tensão) ficou ofuscado. 

O filme poderia ter 20 minutos a menos, sem perda alguma para a narrativa da história. Outro ponto foi o narrador que apareceu tantas vezes chegando  a atrapalhar. Acredito que no cinema mostrar é melhor do que falar.

Apesar de ser o segundo filme, as histórias são independentes, o que facilita muito pra quem não assistiu ao primeiro. Nosso Lar 2 traz a mensagem de conscientização das nossas ações e que devemos nos responsabilizar pelos nossos atos e que não adianta justificar nossos erros, com os erros dos outros. Não importa o que nos façam, o que importa é o que fazemos com isso, e segundo a mensagem do filme, é perdoar e pedir perdão.

Esse longa tem um roteiro interessante, que incentiva o olhar para o próximo, ajudar quem precisa e que precisamos nos atentar ao limite de até onde podemos ir pelo outro. Um roteiro que poderia ter sido trabalhado de uma maneira profunda e delicada, foi descartado por uma direção que não usou todo o potencial de atores maravilhosos, que já colaboraram com grandes obras do cinema brasileiro e neste filme foi usado de uma maneira tão mediana.