por Giulia Cardoso
“Nosferatu” revive o clássico de 1922 com maestria e estilo aterrorizante
Robert Eggers entrega um remake visualmente hipnotizante, desafiando preconceitos sobre novas versões e celebrando o legado do vampiro original do cinema.
Escrever a dita “crítica de cinema” nos deixa com vontade de elaborar frases longas que não levam a lugar nenhum e, quando “traduzidas”, ficam bem pretensiosas (inclusive, essa aqui é uma delas rs). Assim funciona o cinema, uma arte cheia de “firulas” e debates que muitas vezes não evoluem
“Nosferatu”, de Robert Eggers, traz e comprova o quanto somos idiotas por acreditar que remake nunca serão bons, diálogos são essenciais e que o Aaron Taylor Johnson atua bem.
Esse filme revive o clássico de 1922 que tinha o objetivo de contar a história do Drácula de Bram Stoker, mas ao finalizar esse processo acabou criando a primeira representação de um vampiro nos cinemas (É o Famoso “brincando de fazer história”)
A criação de um estilo próprio
Imagina a responsabilidade de fazer um filme desse? São tantas questões e expectativas que é surpreendente como o Robert Eggers (de “A bruxa” e “O farol”) entrega um longa de visual e estilos magníficos. Por vezes, é fácil se ver ignorando os diálogos e olhando fixamente para todos os cantos da tela. Suas habilidades de direção transformam essa história de amor e sangue em uma das coisas mais assustadoras existentes
Pode parecer exagero, mas como convencer alguém a ver um filme que 1) Já tem livro sobre 2) já tem filme sobre (dois ainda) e 3) é de terror? Se não é fácil pra mim, imaginem pra ele
Dito isso, sim “Nosferatu” entrega! Ele trabalha um ambiente tão eneovado que é engraçado ver os personagens falando “Que linda a paisagem” quando nitidamente só tem névoa e cinza. A saturação (intensidade das cores) é outro ponto que os diretores Robert e Jarin Blaschke jogam praticamente no zero, combinando com a neve que cai e com o rastros de corpos que Nosferatu deixa ao seu redor.
E sobre as atuações?
Sendo direta, os protagonistas Ellen Turner e Conde Orlok são os maiores destaques. Lily Rose Depp traz uma personagem pálida e que parece ter saído de um filme do Tim Burton, sua palidez e forma branda de falar potencializam os momentos em que a personagem está fora de si.
E o Bill Skarsgård, mesmo por baixo de tanta maquiagem, me surpreendeu com uma atuação extremamente vocal! Conde Orlock (ou Nosferatu) é realmente uma figura diabólica e que lembra muito o Black Phillip do filme “A bruxa”. Sua voz pesada e lenta arrepiam a espinha de quem está assistindo.
Os demais personagens complementam a trama e conseguem conquistar o público. Com exceção do Aaron Taylor Johnson que realmente se superou na caricatura de bom ator, seu personagem tem uma subtrama interessante e relacionável, mas desde o sotaque até as cenas mais dramáticas o ator não entrega.
A importância de uma obra como essa
Eu sou uma das maiores odiadoras de continuações e revisões de clássicos. Praticamente uma saudosista de 20 anos, mas aqui, eu mordi a língua, pois este filme só melhora quando você lembra que o antecessor foi feito a mais de 100 anos e é uma das referências do movimento expressionista alemão.
É ótimo pensar que as pessoas irão assistir ao filme de Eggers e vão querer revisitar essa obra tão significativa e,mais que isso, me arrisco a dizer que até o filme do Coppola, feito em 1992, pode ser beneficiado, já que temos uma grande salada mista (boa, ta!) dessas duas adaptações
“Nosferatu” estreia em 2 de janeiro de 2025 exclusivamente nos cinemas!