Banner 20 novembro, 2022
por Andreza Delgado

Neste 20 de novembro eu desejo consciência negra à comunidade nerd

Como diz uma das músicas do Emicida: “sem risadinha”. Na real, esse texto é um desabafo para contar o quanto é cansativo trabalhar com conteúdo nerd, mas dentro de uma comunidade com pessoas que não aceitam diversidade. É das vezes que se anuncia algum reboot ou qualquer mudança de elenco que dê oportunidade para pessoas […]

 

Como diz uma das músicas do Emicida: “sem risadinha”.

Na real, esse texto é um desabafo para contar o quanto é cansativo trabalhar com conteúdo nerd, mas dentro de uma comunidade com pessoas que não aceitam diversidade.

É das vezes que se anuncia algum reboot ou qualquer mudança de elenco que dê oportunidade para pessoas NÃO BRANCAS. E nós, pessoas negras, somos enxurradas de mensagens de ódio, de frases de efeito, quase que prontas e acompanhadas de um “não sou racista, mas…”

Gente adulta que sempre vem com frases sobre como a infância delas “está sendo estragada” e como “não vão aguentar viver na mesma realidade onde a Pequena Sereia agora é uma jovem negra”

Anna Diop dando vida a personagem de Estrelar, Doutor Manhattan interpretando Yahya Abdul, a atriz Lashana Lynch que agora vai viver a nova agente 007, Javicia como a nova Batwoman e Yara Shahidi que assume a “sininho” no novo live-action de Peter Pan. O que ambos têm em comum? Todos sofreram diversas críticas baseadas em estereótipos e pré julgamentos de que o personagem deveria ser interpretado por alguém branco, porque assim ficaria “melhor”.

Imagem do Twitter onde um usuário diz que Halle Bailey jamais será a Ariel.

O que ninguém consegue explicar é de onde vem esse “vai ficar melhor”

Estamos falando de anos de sub-representação negra. O exercício para pensar que um personagem pode, sim, ser negro vem do esforço de revisitar toda a construção do imaginário desde o primeiro momento em que vamos consumir qualquer produção…. 

Somos diariamente ensinados que o normal é branco, o ser universal é branco. Os personagens em sua maioria são todos brancos, principalmente os antigos. Tudo isso somado da indústria cultural onde pensar REPRESENTATIVIDADE nem era uma possibilidade por quem tomava decisões.

Essa “dificuldade” de trabalhar o imaginário para que novos personagens possam tomar novos lugares tem nome: RACISMO. E nomear isso na comunidade nerd parece gerar desconforto a quem a mensagem é direcionada. No caso, os racistas…

Vídeos de crianças negras reagindo a Atriz Halle Bailey após o primeiro trailer de A Pequena Sereia

A mesma comunidade que consegue abraçar um Deus voando com um martelo por aí, ou uma cara que veio de outro planeta e que usa cueca por cima das calças, não consegue assimilar (ou não quer) que uma produção não precisa necessariamente ser sempre realizada por um protagonista BRANCO.

É que as mesmas pessoas que gastam seus caracteres atacando os atores negros, são as mesmas que se silenciam quando acontece casos de whitewashing, ou seja, o embranquecimento de personagens cuja etnia é importante para o desenvolvimento da história….

Para esses casos, não há o mesmo apoio das pessoas brancas em apontar ou apoiar quem se opõe às mudanças tão drásticas de narrativa

O que fica de recado, não é só apenas um cansaço traduzido em desabafo, mas um chamado a toda comunidade para que não assistam imóveis aos ataques, que não deixem os rebeldes lutarem sozinhos contra o império. É preciso se posicionar e apoiar as mudanças.

E falando em mudanças, elas só nos beneficiam com a realidade de enxergar o mundo com sua diversidade, onde todos podem e merecem ser representados em seriados, HQs, filmes e etc. Que a consciência negra tome a comunidade nerd e que nós varramos para as profundezas do tártaro o racismo…