Banner 11 julho, 2024
por Redação PerifaCon

Maxxxine: Referências aos anos 80 não salvam desfecho frustrante da Trilogia

Ti West entrega uma conclusão cheia de estilo, mas falha ao entregar suspense e personagens interessantes.

 

Texto por: Pierre Augusto

Depois do slasher “X – A marca da Morte”, que homenageia o subgênero do terror, e “Pearl”, que estuda o passado da vilã do filme anterior, temos o tão aguardado último filme da trilogia de Ti West: “Maxxxine”. Este, apesar das grandes expectativas, se mostra vazio se tirarmos as saudosas referências dos anos 80.

Alguns anos depois dos eventos de “X”, nossa protagonista já se encontra no estrelato, mas nos filmes adultos. Cansada do trabalho duro dessa área e ainda buscando um futuro à sua altura, Maxine (Mia Goth) participa de um teste para ser a protagonista da continuação de um slasher popular, sendo essa sua chance de se tornar uma estrela de Hollywood. Ao conseguir o papel, Goth se vê encurralada quando começa a receber gravações anônimas de alguém que sabe de seu passado, principalmente sobre o massacre do qual ela fugiu. Acrescentando o assassino misterioso Night Stalker, que vem assombrando as noites de Los Angeles, temos a trama dessa investigação.

Algo que é inegável na trilogia do diretor Ti West é sua paixão pelo cinema: a homenagem aos clichês e estereótipos dos filmes dos anos 70 em “X”, e o estilo dos anos 40 colocado em “Pearl”. Agora, “Maxxxine” apresenta claras referências ao gênero de investigação, criando continuações que se conversam, apesar de terem linguagens completamente diferentes. O problema surge quando essa paixão se torna prejudicial; com uma enxurrada de referências e estilizações, o longa se torna vazio, com cenas que não transmitem a urgência de sobrevivência da personagem, nem o drama de quem seria o misterioso Night Stalker que assola a protagonista. Aqui, a preocupação vai muito mais em gritar suas referências do que aprofundar sua personagem.

Do grande elenco (pouco aprofundado), o longa conta com Giancarlo Esposito, que faz o agente da atriz, e Kevin Bacon como John Labat, um investigador canastrão pago pelo suposto Night Stalker para amedrontar Maxine. Ambos os personagens, sem serem aprofundados, tiveram o toque bizarro que faltava. Com perucas estranhas e trejeitos exagerados, eles entregam personagens marcantes, que ao todo parecem ter muito mais carisma que a própria estrela do filme.

A inconstância da personagem de Mia Goth por vezes causa certa estranheza, flertando com se tornar uma femme fatale em alguns momentos, com ataques de fúria em que mostra não estar no papel de garota indefesa. Porém, instantes depois, se vê correndo de seu perseguidor em uma cena no mínimo cômica. Apesar de já ter provado ser uma atriz com grande potencial em “Pearl”, aqui o piloto automático, somado ao tempo de tela compartilhado com coadjuvantes pouco interessantes, dilui a potência que sabemos que Goth tem, deixando um gosto amargo em relação ao encerramento da personagem.

Whodunit?

O conceito de whodunit significa “Quem fez isso?”, termo normalmente usado em livros e filmes de investigação, em que temos um assassino misterioso deixando um rastro de suspeitos, como nos clássicos Sherlock Holmes ou no contemporâneo “Scooby Doo”.

Aqui, a escolha do assassino se baseou em um caso real, ou pelo menos no seu nome. Night Stalker foi o apelido dado a Richard Ramirez, serial killer famoso por aterrorizar Los Angeles entre os anos de 1984 e 1985. O que causa certa estranheza é a necessidade de referenciar até isso no longa. Por que recorrer a esse nome, sendo que o vilão nada tem a ver com Ramirez?

Talvez seja a necessidade de se conectar a mais um público durante o lançamento, os fãs de true crime, já que o suspense do whodunit não se mostra competente. É possível decifrar quem é o assassino logo no início de tudo, causando mais uma frustração ao amargo encerramento dessa trilogia.

O filme já esta disponível no cinema