Banner 29 outubro, 2024
por Giulia Cardoso

“I saw the TV glow” é um grande pensamento intrusivo

Esse ótimo terror estreou na Mostra internacional de cinema em São Paulo e sabe como incomodar

 

Você entra em um filme sempre esperando algo, sempre ansiando por uma experiência insana e que muda vidas. Muitos esquecem que o cinema pode (e deve) mexer com as pessoas de formas diferentes. “I saw the TV Glow” é um daqueles que você começa sem entender nada e termina sem entender nada, mas que sabe bem mexer com o espectador.

O novo longa de Jane Schoenbrun acompanha os jovens Owen (Justice Smith) e Maddy (Brigette Lundy-Paine) que são viciados em um programa sobre uma aventura de duas garotas místicas, não só isso, mas esses dois se sentem muito deslocado de suas vidas e parecem não se encaixar com nada além do programa.

Temos aqui uma história cheia de simbolismos e que, já me adiantando, trata de transexualidade e como essas pessoas se sentem deslocadas de seus próprios corpos. Eu, como uma mulher cis, não peguei essa mensagem “de primeira”, precisando pesquisar e trocar com mais pessoas (principalmente as queer´s), isso ampliou a experiencia pois, ate então havia apenas me conectado com essa ideia de “Negar a si” e aceitar viver uma vida superficial e vazia pelo simples medo de ser quem é

Toda essa carga e mensagem vem acompanhada de uma produção tecnicamente impecável e bem atuada. As cores são o forte de “I saw the TV Glow”, ela brinca com o púrpura e sabe recriar programas dos anos 2000. Assistir a esse filme é lindo (e incômodo) de muitas maneiras

Sobre o terror, ele aterroriza e te deixa entediado também, toda essa construção pode desinteressar, mas aquele incômodo e aquela pulga atrás da orelha te faz ir até o final. E que final! Brutal e significativo, te faz ficar pensando e digerindo o longa

Amando ou odiando, o espectador não pode negar que “I saw the Tv Glow” termina e MAS permanecer durante bom tempo com ele