
por Redação PerifaCon
Holy Cow conecta ao trabalhar bem trama de amadurecimento
A diretora estreante Louise Courvoisier nos leva a uma jornada de amadurecimento, onde a leveza se encontra com as dificuldades da vida.
Texto por: Pierre Augusto
Quem não gostaria de viver despreocupadamente, saindo para beber, dançar e arrumar confusão como se não houvesse amanhã? Mas, com o tempo, aprendemos que é preciso amadurecer para encarar nossas responsabilidades. O primeiro longa-metragem da diretora Louise Courvoisier, “Holy Cow”, conta de maneira sensível e descontraída uma história de amadurecimento em uma vilazinha na França.
Totone (Clément Faveau) vive uma vida de curtição, bebendo e dançando, enquanto seu pai luta para manter sua pequena fabricação de queijo. Quando ele falece em um acidente de carro, Totone se vê obrigado a sustentar Claire, sua irmã de 7 anos. Em busca de renda, começa a trabalhar como peão em uma fábrica de queijos, até que decide participar da competição do premiado queijo Comté para ganhar 30 mil.
A história simples e até meio boba já indica o teor leve que teremos aqui, dando até aquele quentinho que só um filme da Sessão da Tarde nos dá. Em sua jornada de crescimento, não somos jogados para cenas tristes e de superação; Louise constrói a rebeldia de Totone e, ao mesmo tempo, vemos sua vontade de se provar.
Para buscar o tão sonhado prêmio Comté, o personagem de Faveau se envolve com Marie-Lise (Maïwene Barthelemy), a jovem herdeira de uma enorme fazenda, e com as vacas detém o melhor leite da região. Rapidamente, vemos a má intenção do jovem francês, mas o que começa como oportunismo vai gerando a clássica história de amor adolescente, tão natural e idiota que fica impossível não se apaixonar.
Tanto em jornadas quanto em paixões, se frustrar não será uma novidade; é através das desilusões que crescemos. Mas muitas produções optam por não tratar as decepções em tela e, encerrar uma história assim, pode deixar um gosto amargo na boca do público. Contudo, quando conseguimos enxergar o crescimento pessoal, não sentimos tristeza, e sim conquista, a sensação de ter amadurecido como ser humano. Essa sensibilidade que diretores comerciais ou de longa data fogem foi entregue em “Holy Cow”.
Louise Courvoisier não faz planos mirabolantes nem cenas visionárias, mas em seu primeiro filme, ela traz sensibilidade em uma história tão simples quanto apaixonante. Não é à toa que a estreia lhe rendeu o Prêmio da Juventude da seção Um Certo Olhar do Festival de Cannes.