Banner 25 novembro, 2022
por Raphael Guimarães

Estados Unidos da África: Quadrinho nacional abre campanha no Catarse

Quadrinho responde a pergunta “e se o Super Homem fosse africano?” E se o Super-Homem fosse africano? Essa é a premissa do quadrinho brasileiro Estados Unidos Da África, que está com uma campanha de financiamento coletivo no Catarse. Estados Unidos da África surgiu inspirado em diferentes gibis que imaginam os super-heróis em cenários específicos, como […]

 

Quadrinho responde a pergunta “e se o Super Homem fosse africano?”

E se o Super-Homem fosse africano? Essa é a premissa do quadrinho brasileiro Estados Unidos Da África, que está com uma campanha de financiamento coletivo no Catarse.

Estados Unidos da África surgiu inspirado em diferentes gibis que imaginam os super-heróis em cenários específicos, como exercícios de criatividade. The Boys imagina “e se os super-heróis fossem uma ferramenta do capitalismo?”, Entre a Foice e o Martelo imagina “e se o Super-Homem caísse na União Soviética?”

No quadrinho de Anderson Shon e Daniel César, os exercícios de criatividade são dois. Primeiro, a pergunta: E se houvesse um grande ser super-heroico oriundo da África que ao invés de só um herói também fosse um diplomata, um político que usa sua força para impedir a Africa de sofrer os preconceitos cotidianos que sofrem?

E a segunda pergunta: E se, em uma medida política, este personagem unificasse o continente africano em uma só nação, transformando cada país africano em estados de um grande país, os Estados Unidos da África?

Reprodução: Daniel Cesar

A ideia veio de Anderson Shon em 2020 e nasceu como um romance escrito em prosa. Após finalizar a escrita do livro, Shon percebeu que aquela narrativa era muito imagética e precisava ser um quadrinho. Por isso, convidou para ser o ilustrador da história o artista Daniel Cesar, que se tornou o co-autor da obra.

Estados Unidos da África é uma empreitada nova na carreira dos autores. Embora Shon já possua muita experiência escrevendo poesias e romances (com algumas publicações como Um Poeta Crônico e A Despedida do Super Futuro), esta é sua primeira vez escrevendo uma história em quadrinhos.

Daniel, por outro lado, possui experiência prévia com quadrinhos devido a projetos como a coletânea Máquina Zero, mas esta também é sua primeira vez produzindo quadrinhos do gênero de super-heróis, já que seus trabalhos sempre foram mais voltados para histórias realistas e mais pessoais.

Ainda assim, os artistas não temem que sua história seja lida como clichê por utilizarem-se de arquétipos comuns de super-heróis.

Reprodução: Daniel Cesar

Pode parecer clichê mas os clichês foram construídos por brancos. Tudo que pareça clichê mas tenha protagonismo negro não é clichê, é só a nossa vez de contar a história da nossa forma“, comenta Anderson Shon.

Para Daniel, o teor social e político do quadrinho é o que o diferencia de histórias tradicionais de super-heróis.

Um herói americano luta contra o crime, os criminosos. Mas um herói brasileiro ou de países africanos, o inimigo dele não é o ladrão da rua, o mal lá é outro, o mal é toda a construção social daquele país. O vilão não é o ladrãozinho de esquina, é o sistema.

O projeto, que mistura páginas de quadrinhos com páginas de texto em prosa, conta a história de Rei Bantu, homem camaronês que ganha poderes de forma inusitada e então unifica o continente africano em um só país, tornando o país uma potência gigantesca em diversas frontes.

Reprodução: Daniel Cesar

Como o quadrinho segue de forma não linear, ele aproveita para mostrar os impactos dessa unificação em diferentes aspectos da sociedade, como na economia e nos esportes. Para uma retratação honesta e bem construída, as ilustrações foram feitas com muita pesquisa e uso de referências africanas para a construção dos cenários e de elementos que os compõem, como carros na rua, vestimentas e arquitetura.

Ainda sobre as mudanças que a unificação da África em um único país, um momento chave para a história é a mudança da sede da ONU, que migra dos Estados Unidos para a Costa do Marfim, um estado dos Estados Unidos da África.

Após isso, o rei super-herói precisará enfrentar muito preconceito e o ódio de outros governos, pois as outras nações se desagradam com negros em posições de poder.

Reprodução: Daniel Cesar

Estados Unidos da África está em campanha de financiamento coletivo no Catarse e você já pode apoiá-la e ganhar várias recompensas como a versão impressa da HQ, imãs de geladeira e até mesmo a bandeira dos Estados Unidos da África.

A campanha está no ar até o dia 19 de janeiro de 2023. Para apoiar o projeto e garantir seu exemplar, clique aqui.