
por Giulia Cardoso
Emilia Pérez: uma Falsa Viagem ao México que Engana e Ofende
O musical de Jacques Audiard acumula indicações e polêmicas, mas sua abordagem estereotipada e falta de representatividade tornam o filme um dos mais problemáticos da temporada.
“Emilia Pérez” está causando algo que apenas “Shakespeare Apaixonado” conseguiu: a revolta e ódio do povo latino. E isso, infelizmente, transforma o filme em um dos mais polêmicos da temporada.
Pensem comigo: Essa época de premiações é feita de dinheiro e visibilidade. E Emilia Pérez está conquistando os dois cada vez mais. Isso faz com que os votantes assistam o longa e pensem “É, até que não é tão ruim assim”. O resultado disso? 13 indicações ao Oscar 2025.
Feita a devida introdução (e possível desabafo), eu diria que o filme Emilia Pérez tem ideias boas, porém mal executadas. Dizer isso é clichê e preguiçoso da parte de um resenheiro de cinema, mas, às vezes, eu me divertia. O filme de Jacques Audiard tem momentos marcantes e muitas cenas musicais bem feitas.
O triste está na facilidade para elencar todos os problemas desse filme, que:
- O filme mal tem atores latinos;
- É a França querendo contar histórias latinas;
- A personagem trans é rodeada de narrativas que prejudicam uma luta inteira;
- Tudo que ele se propõe a abordar que sai de estereótipos mexicanos é jogado de escanteio.
E por aí vai….
Apesar dos esforços de Zoë Saldaña, Karla Sofía Gascón e Selena Gomez, para trazer uma personalidade ao filme, temos uma viagem longa, massante e bem ofensiva. É importante dizer que as atrizes buscaram imprimir na tela uma história de 3 mulheres diversas, sensíveis, mas que permanecem fortes. Só que a condução dessa história estava “Jogando contra elas”
No fim, Emilia Pérez é uma viagem falsa ao México, mas que vale ser discutida. Afinal, é quando vemos coisas tão problemáticas que entendemos o valor de boas produções. Só é uma pena ainda termos que batalhar para que esse tipo de situação não ocorra mais.
O longa já esta com sessões antecipadas no cinemas