
por Giulia Cardoso
Divertida Mente 2: emociona trazendo a mesma fórmula
O longa consegue fazer rir e chorar mesmo com roteiro pouco inventivo
Em 2015 tivemos uma grata surpresa com a estreia de Divertida Mente, um filme que se passava dentro da cabeça de um jovem chamada Riley e mostrava suas emoções de maneira personificada. Essa criação de mundo criativa se tornou um marco na cultura pop, sendo referenciado por outras mídias e fazendo história dentro da linha cronológica da Pixar.
Agora, em 2024, o longa retorna trazendo uma Riley na puberdade e tendo que lidar com ansiedade, inveja, vergonha e tédio. Essas novas emoções possuem a tendência de causar um grande caos mental que vem a prejudicar a vida da garota.
Divertida Mente 2 ao mesmo tempo que atrai, causa inseguranças, pois é complicado para o público confiar em continuações de obras tão icônicas, ainda mais quando se sabe que a equipa criativa foi modificada. Contudo o resultado final é significativo e seguro (no bom e mal sentido).
Roteiro pouco arriscado
O primeiro filme possuía uma estrutura que fazia com que as personagens Alegria (Amy Poehler) e Tristeza (Phyllis Smith) tivessem que sair do ponto A até o ponto B. Essa aventura trazia consigo muitos empecilhos e momentos visualmente criativos e inspirados. Mais para o final, também vemos situações emergenciais intercaladas que nos fazem temer pela personagem principal.
E aqui…bem temos a mesma coisa. A estrutura de roteiro e fórmula utilizada são praticamente as mesmas e não de um jeito “Jornada do Herói” que vem a ser algo que facilita a construção da narrativa. Muito pelo contrário, apesar do filme trazer outros pontos de virada, outras motivações e novos espaços na mente da Riley ele consegue cair na mesma história! Isso o torna chato, o torna previsível e permite que o espectador fique achando que o até mesmo a grande solução irá ser a mesma do primeiro filme
Até as situações emergenciais são construídas da mesma forma, chega a ser algo desmotivador ver algo tão “ctrl c + ctrl v”. Ou seja, mesmo crescendo seu universo e apresentando conceitos novos bem desenvolvidos e conectáveis, Divertida Mente 2 perde muito ao jogar no seguro.

Novos personagens
Com Ansiedade (Maya Hawke) e Inveja (Ayo Edibiri) tomando o controle da narrativa (no sentido figurado e de roteiro) temos dinâmicas interessantes. Essas personagens têm mais destaque do que os outros que também chegam com a puberdade. Elas podem também acabar ganhando o papel de antagonistas, porém, uma coisa engraçada acontece.
O poder de Divertida Mente 2 está na identificação, afinal, quando falamos de emoções, mente e outros assuntos é possível conversar com grande quantidade do público (Inclusive, isso é algo que já virou característica fixa da Pixar). Logo ao falar de ansiedade o filme abre a possibilidade de dialogar sobre auto cobrança, controle, burnout, pensamentos intrusivos e outras coisas que mexem muito com o público e podem fazer com que lágrimas sejam derramadas.
Novidades interessantes
Além de personagens, o filme traz novos conceitos. Afinal, se vamos trabalhar em cima da mesma dinâmica de roteiro que seja com novidades, certo?
Essas incluem a brincadeira do 3D, do 2D e da arte pixelada, que trazem momentos hilários pra tela, além de ser interessante ver esses diversos estilos (e suas limitações) interagindo entre si. Não só isso, mas a nossa querida Riley agora possui convicções e essas estão sendo armazenadas de forma tão visualmente criativa que enche os olhos do espectador.
Em suma, O longa não é perfeito, mas diverte muito mais do que andamos vendo por aí ultimamente. As chances de se tornar tão icônico quanto o primeiro são altíssimas.
Divertida Mente 2 já se encontra disponível nos cinemas