Colunas 4 novembro, 2022
por Raphael Guimarães

Dia Do Riso: 06 comediantes conscientes brasileiros

Para rir sem abrir mão da consciência social Se existe um dia perfeito para celebrarmos a importância do humor para que levemos uma vida leve e descontraída, esse dia há de ser 06 de novembro: O Dia Nacional do Riso. Porém, nos últimos anos o caos político que tem tomado conta do Brasil e do […]

 

Para rir sem abrir mão da consciência social

Se existe um dia perfeito para celebrarmos a importância do humor para que levemos uma vida leve e descontraída, esse dia há de ser 06 de novembro: O Dia Nacional do Riso. Porém, nos últimos anos o caos político que tem tomado conta do Brasil e do mundo pode ter passado a impressão de que essa arte seria conservadora, ofensiva, cínica e, muitas vezes, reacionária. Como se o humor fosse insensível, sem empatia e completamente despreocupado com causas sociais, se distanciando de tudo que importa e justificando com um “é só uma piada”.

Pode até ser verdade em alguns casos, mas é importante lembrar também que o humor pode muitas vezes funcionar como uma válvula de escape para que o povo oprimido (por raça, classe, gênero ou qualquer outra questão) ridicularize seu opressor e, por meio de sátiras, se posicione politicamente, usando a arte da forma que ela deve ser usada.

Por isso, montamos essa lista com SEIS comediantes conscientes do Brasil que vão te fazer rir de suas piadas e sorrir por perceber que há salvação para a comédia.

Mussum

É indiscutível que muitas das piadas feitas pelos Trapalhões na época em que passavam na TV eram preconceituosas e incabíveis para os dias de hoje, principalmente as com o Mussum. Mas igualmente indiscutível é o quanto Mussum foi um ícone para o humor e para a televisão brasileira. Um dos primeiros comediantes negros a ter destaque na grande mídia, Mussum em vida usou de sua popularidade para apoiar causas sociais como a defesa do povo desabrigado das secas do Nordeste nos especiais SOS Nordeste, que eram exibidos nos anos 80.

João Pimenta

João Pimenta (ou Seu Pimenta) é dessas estrelas da comédia atual que participam de tudo. Faz stand-up, faz humor de personagem, atua em esquete de humor e até redublagem de anime ele faz. Tudo isso sem precisar baixar o nível e fazer piadas ofensivas, a não ser com quem mereça. Entre os trabalhos do humorista baiano está o personagem Pé de Pranta, que desmitificava estereótipos sobre negros e moradores de favelas.

Ademara

https://www.youtube.com/watch?v=6VIuYAMH1Fk

Uma das revelações que o TikTok trouxe nos últimos anos, Ademara talvez seja uma das comediantes que mais irrita o público masculino hétero branco e sudestino que está acostumado a ver somente os “seus iguais” fazendo o humor. A comediante pernambucana conquistou o público tirando sarro de homens machistas em ambientes de esquerda (os esquerdomachos) e sudestinos preconceituosos com nordestinos e nortistas.

Bruna Braga

Recém-contratada pela Globo, Bruna Braga é ativista pelo feminismo negro e uma das vozes mais representativas da comédia atual, principalmente por ser uma comediante negra e que não deixa de se posicionar politicamente ou de expor nas redes sociais e em entrevistas situações que enfrentou no meio da comédia que, como sabemos, é extremamente machista.

Victor Camejo

Integrante do grupo de humor Em Pé Na Rede, Victor Camejo tem uma carreira longa na comédia, possuindo experiência com roteiros de programas como A Culpa É Do Cabral. Durante a pandemia, os textos de stand-up do comediante paraense foram adquirindo teores mais políticos, rendendo a criação de seu programa Jornal de Casa (disponível no Youtube) e seu último especial Política Para Leigos.

Paulo Gustavo

Seria impossível encerrar essa lista sem mencionarmos Paulo Gustavo. Um dos humoristas mais populares e de maior sucesso da história do Brasil, Paulo infelizmente foi uma das vítimas da pandemia do Covid-19. Abertamente gay e com convicções políticas bem claras pra quem prestasse atenção em seus textos, Paulo Gustavo se manifestava através de personagens de sátira como a clássica Dona Hermínia (baseada em sua mãe) e a Senhora dos Absurdos, que parodiava uma classe média alta branca, conservadora e preconceituosa.

Como Paulo Gustavo dizia: rir é um ato de resistência.