
por Giulia Cardoso
“Conclave”: Segredos, Conspirações e a Força de um Grande Roteiro
A fascinante trama dirigida por Edward Berger transforma os bastidores do Vaticano em uma dança hipnotizante entre política, fé e suspense, deixando o público cativo por duas horas de puro cinema.
As fofocas da igreja católica realmente podem render um Oscar? “Conclave” vem arrecadando indicações em festivais e premiações como o Globo de Ouro, Bafta e Critics Choice Awards. Nesse último, sendo um dos mais indicados do ano!
O filme é dirigido por Edward Berger (“Nada de Novo no Front”) e escrito por Peter Straughan (“O Espião Que Sabia Demais”) e nele, acompanhamos Thomas Lawrence (Ralph Fiennes) um decano que precisa liderar um conclave – Escolha de um novo papa para a igreja católica – após a morte de seu amigo particular e atual papa. Essa “missão” se torna ainda mais pesada quando Lawrence percebe uma possível conspiração.
Olha, sem mais delongas eu tenho que dizer que AMEI o filme, mais do que uma grande fofoca, ele tem uma cinematografia de tirar o fôlego. É difícil ver uma produção com roteiro e visual que comunicam suspense, tramas políticas e segredos de uma forma tão harmônica
Falando de direção, Edward imprime na tela uma condução metódica e quase que cerimonialista, algo que é muito comum de se ver na igreja católica (só quem viveu, sabe). Cenografia, arte e direção apresentam um conclave que mais parece uma prisão, estar ali é acolhedor e sufocante. Os planos são pensando de uma maneira que faz o espectador ficar hipnotizado, é tudo tão harmonioso, tão organizado, tão minucioso, tão padronizado que faz você entender que aquele é sim um grande momento para a religião e o mundo
Algo que a atuação de Fiennes contradiz totalmente. Encontramos esse personagem em uma crise de fé, ele se encontra cansado e, basicamente, de saco cheio de toda essa pataquada (se me permitem dizer), mas, mesmo assim, precisa se manter educado, forte e mais do que nunca precisa escolher um lado. Fiennes tem uma atuação que vai além da entonação das suas falas, a forma com que ele se porta diante das pessoas, a decisão de usar um elemento importante da sua religião só quando está no seu local de trabalho e a raiva reprimida o sufocam.
Esses dois elementos, mais um roteiro (que foi adaptado de um livro com mesmo nome) fazem com que “Conclave” vire uma viagem tão intensa que te deixa preso durante duas horas. As discussões e troca entre os personagens tem o poder de virar trend no tik tok (já consigo imaginar os edits) e de passar em uma sala de aula para ensinar sobre extremismo, igreja, polarização e fé
Nunca foi tão divertido acompanhar senhores brancos e cristãos escolhendo seu novo chefe.
Conclave estreia em 23 de janeiro somente nos cinemas