Banner 1 agosto, 2024
por Redação PerifaCon

Como foi o painel “CHATRONE APRESENTA – 10 anos de Menino e o mundo: Um Panorama da Animação Nacional”

No segundo dia de evento, a Perifacon 2024 e a companhia de filmes Chatrone realizaram um painel sobre o filme

 

Texto por Gabriel Henrique dos Santos e Samantha Filócromo. Fotos por Pierre Augusto

Apresentado pela roteirista Mari Camillo, o painel contou com a participação de quatro mulheres que estão moldando a animação brasileira: Aida Queiroz, Marília Mafé, Luciana Eguti e Priscilla Kellen.

Priscilla, responsável pela coordenação artística e assistência de direção de “O Menino e o Mundo (2013)” diz que não contava com toda a repercussão que o filme teve. Ela já tinha trabalhado com Alê Abreu, diretor da animação, em “O Garoto Cósmico (2007)”. Com “O menino e o Mundo”, cujo a pegada era um pouco menos infantil, eles imaginavam que teria um alcance maior nos festivais de cinema, algo que aconteceu, mas a grande surpresa foi a indicação do filme a categoria de melhor animação no Oscar. “Um feito inimaginável  na verdade né, então até para sonhar, não estava na altura dos nossos sonhos isso.”

 Aida Queiróz conta que há 10 anos atrás o cenário do setor de animação no Brasil era outro, estava em plena produção e a todo vapor. Nessa época, ela estava à frente do Anima Mundi, principal festival internacional de animação do país. O evento foi o que abriu as portas da animação para o público em geral e trouxe toda a produção internacional para cá, o que acabou incentivando a produção nacional também. O Festival está suspenso desde 2020. Comparando com a Perifacon, Aida cita a importância que eventos têm para resolver a demanda do público de conhecer coisas, discutir novas linguagens e formar pessoas na área criativa.

Participantes do painel conversando / foto: Pierre Augusto

Falando sobre o cenário atual, Luciana Eguti contou como é a possibilidade de trabalhar com grandes projetos, marcas famosas como Star Wars e Batman. Em momentos em que alguns trabalhos são de perfil comercial, ela consegue sentir que o mercado tem maturidade e que os animadores brasileiros conseguem dar conta de pegar projetos dessa ordem de grandeza, produzir para grandes marcas ou propriedades intelectuais que já existem. “Entender esse projeto, essa coisa comercial , entender como o artista vai contribuir para ser melhor, mas ao mesmo tempo colocar um pouco de si.”

Conectando os 10 anos de O Menino e o Mundo na Perifacon, um evento que visa ser democrático e diverso, o grupo foi perguntado se sentem que o mundo da animação se tornou mais acessível. Aida diz que a internet facilitou as coisas. Existe nas redes muito conteúdo bom de animação e de fácil acesso. Mas ela ressalta que tem os prós e os contras. O bom é que o animador pode fazer seu próprio filme e jogar na rede. O díficil é a pessoa achar. “É tanta informação que não existe um filtro para achar conteúdo, mas o acesso existe. É complicado achar conteúdo brasileiro, difícil saber o que está sendo produzido”.

Foto fechada nas participantes / foto: Pierre Augusto

Marília acrescenta que quando você fala de acessibilidade na produção audiovisual, também se fala de distribuição. Atualmente o mercado se encontra com menos incentivos, menos festivais e até no streaming que bomba um pouco mais, não é muito simples de você entender como funciona o algoritmo e os números nas redes sociais.

Então é muito fácil ter produção que não chega nas pessoas, e se não chega influência nas próximas cadeias negociais. Mas se tem uma série ou um filme que vai bem, como no caso do O Menino e o Mundo, isso puxa o interesse comercial das empresas de investir em mais produção. “Isso fomenta mais o mercado, mas ao mesmo tempo, se a gente não tem fôlego para conseguir produzir, isso também não vai ser aproveitado. Então o acesso tá muito intrínseco a força de produção.”