por Redação PerifaCon
Clássico “Onda Nova” será relançado nos cinemas em 2025
Longa de Ícaro Martins e José Antonio Garcia será distribuído no primeiro trimestre de 2025
O clássico do cinema brasileiro Onda Nova, dirigido por Ícaro Martins e José Antonio Garcia e produzido na icônica Boca do Lixo, ganhará um relançamento nos cinemas no primeiro trimestre de 2025. A estreia da nova versão é fruto de uma parceria entre a Tanto e a Vitrine Filmes, e contará com cópias restauradas e remasterizadas, apresentadas anteriormente em festivais como Locarno e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo deste ano.
Lançado inicialmente no Brasil em 1983, durante a 7ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Onda Nova enfrentou uma trajetória conturbada: o longa foi rapidamente censurado pelo regime militar e só pôde estrear comercialmente um ano depois, o que afetou sua recepção. O filme é protagonizado por Carla Camurati e Cristina Mutarelli e narra a história de jogadoras do fictício Gayvotas Futebol Clube, abordando o futebol feminino no Brasil em um período marcado pela regulamentação oficial do esporte.
Ambientado no contexto da ditadura militar, Onda Nova explora temas de gênero e sexualidade, destacando a força de jovens paulistanas que desafiam normas sociais. O filme ainda conta com aparições de personalidades como os jogadores Casagrande, Wladimir e Pita, além de participações de artistas renomados como Caetano Veloso e Regina Casé. Segundo Ícaro Martins, o filme retrata o desejo e a identidade como forma de resistência política: “Ao colocar o desejo como afirmação de identidade e de vida, Onda Nova é a própria negação da ditadura”, explica o diretor.
Após sua seleção na seção “Histoire(s) du Cinéma” do 77º Festival de Locarno, o longa passou por um processo de restauração liderado por Júlia Duarte, sobrinha do falecido diretor José Antonio Garcia, e pelo co-diretor Ícaro Martins. Com cartaz e trailer renovados, Onda Nova retorna às telas para uma nova geração, reafirmando o impacto de sua narrativa ousada e sua contribuição para o cinema brasileiro.
Ícaro Martins reflete sobre a recepção do filme em uma entrevista de 1984, em que José Antonio Garcia previu o legado duradouro de Onda Nova: “Nosso filme é de vanguarda, só será entendido daqui a dez anos… Talvez tenha demorado um pouco mais, mas ele tinha razão.”