por Redação PerifaCon
Perifacon 2024 – Cidade de Deus: A Luta Não Para
O painel que fechou com chave de ouro o último dia da Perifacon 2024 foi sobre a série ‘’Cidade de Deus: A Luta Não Para’’, continuação direta do filme de 2002 dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund.
Texto de Gabriel Henrique dos Santos. Fotos por @clicktrotta
Andreza Delgado teve a oportunidade de conversar com o diretor Aly Muritiba, a diretora de conteúdo roteirizado Silvia Fu, e com dois protagonistas dessa história: a atriz Eli Ferreira, que interpreta Lígia; e Alexandre Rodrigues, que volta na pele do já conhecido “Buscapé” do primeiro filme.
Quando perguntado como é voltar a viver o “Buscapé”/Wilson e representar novamente Cidade de Deus, Alexandre disse que ficou com “medo e ansioso”. Ele tinha 16 anos quando começou o processo do filme em 99, e no caminho dos testes, oficinas e gravações foram quase 4 anos até a estreia em 2002.
“Então hoje com 41 anos , posso dizer que o personagem também evoluiu, Wilson cresceu e naturalmente eu também cresci.”
Ale entende que a série é uma continuação, com um ponto de vista novo e está contente com o resultado. Já Aly Muritiba diz que chegou a hesitar quando recebeu o convite para dirigir a série. Hesitação essa que não passou de 1 minuto até topar o desafio. “Me senti honrado com a oportunidade de poder dar continuidade a história.”
Mas a produção também conta com novos rostos. A atriz Ely Ferreira estreia nesse mundo como Lígia, uma jornalista que veio da Espanha para investigar o tráfico na região. Sua presença vai ter grande impacto na comunidade , e fazer Buscapé voltar a ter os olhos para a Cidade de Deus.
As mulheres na série, assim como na vida real, tem grande importância no cotidiano dessa periferia. Buscapé se afastou da Cidade de Deus por 20 anos e ao voltar percebe que muitas das transformações na comunidade foram feitas principalmente por mulheres. Aly destaca que: “a história da resistência na periferia é construída quase sempre por mulheres. Porque os homens saem, eventualmente são ausentes, eventualmente morrem. E elas acabam sozinhas criando filhos, netos, fazendo jornadas duplas, triplas e organizando a vida comunitária para poder existir, resistir.”
Enquanto a batalha do Buscapé era para sair da cidade, as mulheres lutaram para ficar, para que fosse um lugar onde se desejasse ficar. Não querer sair do território é justamente o porquê da existência do Perifacon lembrou Andreza, que é co-criadora do evento . “Porque a gente quer ter cultura, mas não quer ter que se deslocar para o centro da cidade, quer ter no quintal da nossa casa.”
E é especial para Aly que o primeiro evento de divulgação seja na Perifacon, porque fez o projeto desde a primeira linha do roteiro pensando na periferia, e não só sobre, mas com pessoas que cresceram e moraram em comunidades trabalhando na produção. Então ele espera que as pessoas das periferias vejam e se vejam ao assistir a série.
Inclusive, a primeira exibição publica da serie foi feita no evento e, depois disso só seria exibida no festival de gramado.
Alexandre fala que está feliz por estar contando essa nova história. Cidade de Deus falava muito de como a comunidade cresceu, mas focava muito mais na parte ruim da bandidagem, do que da parte boa que é o “pagodinho, a festa na esquina”, isso ficou faltando.
Para Silvia Fu é muito importante mostrar como a comunidade mudou , como o posicionamento de “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” não vale mais porque a galera resiste e luta de outra forma para sobreviver, então era preciso atualizar essa história.
A série estreia em 25 de agosto na plataforma de streaming Max.