
por Giulia Cardoso
Boalândia: A projeção que representa e resiste
Documentário usa os cineclubes brasileiros para falar sobre política e resistência
Você sabe o que é um cineclube? São espaços que servem para discutir e produzir cinema, mas não se tratam de cursos, por isso são locais sem fins lucrativos. Seu objetivo é trazer obras que fazem o espectador entrar em contato com diferentes cinematografias, narrativas, estéticas e culturas. E “Boalândia’ foi fruto disso.
Este filme, dirigido pelos cineastas Patrik Thomas e Mathias Reitz Zausinger, traz vários cineclubes do nosso país para discutir cultura, política e resistência. Não só isso, mas as gravações passaram por dois períodos importantes do Brasil: o governo Bolsonaro e as eleições de 2022, que causaram revoltas na nossa política.
Esse longa possui momentos marcantes e bem conduzidos pela direção. As narrativas que eles escolhem contar se encaixam e conversam com o espectador, então não se assuste caso queira sair da sessão e pesquisar muito mais sobre esses e outros coletivos.
Fora isso, ele fala de lutas negras e dos povos originários, tudo com a intenção de mostrar que esses povos também produzem cinema e, mesmo que não tenham o melhor equipamento, conseguem fazer seus filmes.
A única coisa que faz com que o longa decaia está no teor expositivo e, às vezes, perdido do roteiro. Apesar de falar sobre cineclubes e cultura, muitas vezes ele para essa trama para apresentar, de forma gratuita, momentos como o das eleições. Mas isso, conversando com os diretores, me fez entender que “Boalândia” nasceu e foi realizado para que o público internacional conheça mais sobre nós. Então sim, ele irá se utilizar de uma linguagem mais didática.