
por Redação PerifaCon
Ben Kenobi: O Jedi que falhou com a galáxia
O quarto episódio de Obi-Wan Kenobi, a nova série da Disney+ sobre o universo de Star Wars, chegou essa semana e é tudo que a gente queria ver em uma série sobre um dos Jedi mais famosos dos filmes de Star Wars. Este colunista que vos fala é um grande fã do universo expandido de […]
O quarto episódio de Obi-Wan Kenobi, a nova série da Disney+ sobre o universo de Star Wars, chegou essa semana e é tudo que a gente queria ver em uma série sobre um dos Jedi mais famosos dos filmes de Star Wars.
Este colunista que vos fala é um grande fã do universo expandido de Star Wars. Eu acredito muito que explorar a história dos personagens e dos planetas e culturas e políticas que aquele universo é feito é uma das melhores coisas de toda a saga e isso só é possível fora dos filmes (quadrinhos, nos livros, nas animações ou recentemente nas séries: O Mandaloriano e o Livro de Boba Fett). A série tão esperada do Obi-Wan Kenobi vem trazendo um dos períodos da história que não tem grandes acontecimentos ou grandes guerras ou mudanças políticas a nível de galáxia, e isso é o tempo perfeito para se ter desenvolvimento de personagem.
A série começa nos mostrando um dos eventos mais impactantes para a fortificação do império na galáxia, a execução da Ordem 66, a ordem que acabou com todos os Jedi, e quem saiu vivo teve que viver como um fugitivo ou exilado. 10 anos se passam e vemos Obi-Wan, agora atendendo pelo nome de Ben, pra disfarçar sua identidade, vivendo recluso em tatooine observando de longe o crescimento do personagem central da primeira trilogia, Luke Skywalker. Essa é sua missão, esse é seu objetivo de vida. Ben é um Jedi que desistiu de tentar ser Jedi porque, como a gente bem sabe, no final do episódio 3 – A Vingança dos Sith, Ben tem uma luta contra seu amado Padawã, a quem considerava um irmão, porque vê ele se entregando ao lado sombrio da força.
Ter que duelar e, até onde Obi-Wan sabe, matar seu companheiro mais amado deixa cicatrizes cruéis no nosso amado Jedi. Cicatrizes que o afastam da força, do caminho Jedi, de quem ele foi durante toda sua vida porque não consegue conviver com o trauma de ter matado seu melhor amigo, seu fiel estudante. Um Obi-Wan sem esperanças é o contraste completo da segunda personagem protagonista da série, Leia Organa, interpretada aqui brilhantemente pela Vivien Lyra Blair. Leia mesmo ainda criança, mesmo sem nunca ter precisado lutar por nada, sendo a princesa de Alderaan, já se mostra firme, inteligente, sagaz e capaz de fazer o que a gente sabe que ela vai fazer por muito tempo durante toda a sua vida, travar batalhas políticas e ocupar cargos de liderança, seja no senado, seja na rebelião.

E é essa Leia que a gente tem que ver Ben ter que salvar das mãos de uma inquisidora, a Terceira Irmã. Diferente do que vemos em O Mandaloriano, Leia não é aquela criança que o único papel é ser escoltada até chegar em segurança, ela é tão ativa no seu próprio resgate quanto Ben e isso faz toda diferença. Leia Organa tem uma presença em qualquer lugar que chega, sempre confiando que vai conseguir fazer tudo que precisa saber e aprendendo que não se pode confiar cegamente em todos que sorriem, uma belíssima construção do personagem que nunca teve espaço pra que isso acontecesse na telona.
Mas o que seria dos nossos heróis sem bons vilões, não é? E para um dos maiores Jedi de toda galáxia, nada mais justo que ter o maior vilão de todos os tempos, Darth Vader. Hayden Christensen volta ao papel do maior Sith de todos depois de passar pelos filmes sendo bastante ostracizado pelos fãs por não entregar uma boa atuação como Anakin Skywalker. Com a voz dublada pelo maravilhoso James Earl Jones, que fez a voz na trilogia original, Darth Vader nos apresenta exatamente o que esperamos, medo e ansiedade em forma e presença de um vilão que busca se vingar de quem quase o matou. E ele não vem sozinho.

A Inquisidora Reva (Moses Ingram), na série também chamada pelo título de Terceira Irmã, é a principal líder dos Inquisidores na caça aos nossos protagonistas. Movida pelo desejo de se vingar de todos os Jedi que a abandonaram ainda quando pequena, temos em pequenas partes de cada episódio mais uma peça de um quebra-cabeças que é a história por trás dela e do seu ódio pelos Jedi e pelo que eles representam.
É nítido que a série foca em duas coisas: os traumas que impedem Obi-Wan de ser o grande Jedi que um dia foi e o desenvolvimento da pequena Leia Organa para se transformar na líder que a gente sabe que ela vai ser. Com muitos planos fechados a gente sente no rosto e na postura do Ewan McGregor o que se enterrar na dor de ter matado o melhor amigo fez com ele. Um Jedi que não tem mais conexão com a força, que faz pequenas orações tentando alcançar o mestre para pedir por orientações sobre o que fazer, sobre como seguir e como sobreviver nesse mundo para cumprir a missão que lhe foi dada e garantir uma esperança que nem ele mesmo tem.
Com uma trilha sonora produzida pelo mestre John Williams, todo o ar de Star Wars segue mantido no seu ápice. Os planetas, o design dos veículos, os aliens, os troopers, tudo está ali. Com uma consultoria do Davi Filoni, produtor de séries como a Guerra dos Clones e Rebels, o maior entendedor do universo Star Wars que temos dentro da equipe de produção/criação da Disney, é nítido o cuidado para manutenção da estética de tudo que os fãs amam sobre esse universo, seja de enredo como de ambientação.

A série agora segue para os seus dois últimos capítulos e a construção de uma batalha final começa a tomar forma, assim como a evolução da personalidade da Leia e uma aceitação do seu passado por parte do Obi-Wan, que a gente espera que consiga superar o que ele entende como sendo seu maior fracasso e maior erro. As séries da Disney+ de Star Wars tendem a ter finais de temporada emblemáticos e cheios de significado e pra essa série não esperamos diferente.
Mesmo com questões enquanto a direção que ainda não parece ter se encontrado, e um roteiro que usa meios simples demais para resolver questões complicadas, Obi-Wan Kenobi está sendo uma ótima série de se acompanhar e, depois de 4 episódios, a gente já sente o pesar de saber que é uma série curta demais. Afinal quem não gostaria de ver a dinâmica do Obi-Wan e da Leia por mais pelo menos uma temporada?