por Redação PerifaCon
Babygirl traz a sexualidade feminina em outras posições
O thriller erótico é roteirizado e dirigido pela também atriz Halina Reijn, com um toque especial de veracidade, o longa está no circuito de premiações.
Por Ester Raquel Silva Nascimento
Quando o assunto é sensualidade no cinema, estamos acostumados a ver as relações de poder monótonas e batidas com os mesmos papeis há anos. Em Babygirl, as coisas fogem do convencional.
A trama acompanha Rommy, uma mulher madura (Nicole Kidman) que é CEO de uma empresa de tecnologia, mãe de duas adolescentes e casada com o diretor de teatro Jacob (uma versão menos atraente do famoso amante latino Antonio Banderas), dito isso, aqui temos um clássico estereótipo norte-americano de uma mulher de negócios poderosa, porém todo mundo tem um ponto fraco.
Samuel (Harris Dickinson) é essa fraqueza, o estagiário 30 anos mais novo não é apenas um casinho sórdido e sim “A” oportunidade de Rommy experienciar todas as suas fantasias reprimidas, colocando absolutamente TUDO em risco, transformando a situação em algo ainda mais prazeroso.
A sensação do início ao fim é de um grande gemido inacabado (literalmente). Apesar de momentos impactantes como a cena do copo de leite, em outras cenas a química e o tesão acabam se perdendo, tirando o público da imersão proposta pelo filme.
Essa não é a primeira vez que vemos Nicole Kidman em filmes com apelo erótico, mas nessa posição de “Mulher passiva e dominada” porque é o seu desejo trouxe para ela o prêmio de melhor atriz no 81° Festival de Veneza. A atriz penetra nossa mente quando, no início do longa, fica fixada por uma cadela da raça pastor alemão e logo em seguida assume esse lugar de submissão.
Todos os elementos visuais trabalhados desde as cores, luzes, planos de câmera vão na contramão do convencional de temas picantes como este, com a presença marcante de uma paleta sólida, principalmente da cor amarela na luz responsável por gerar o falso sentimento de conexões calorosas, quando, na verdade, todos os arcos têm um dedinho de poder em qualquer relação.
Algo que não passa despercebido é a dinâmica entre a CEO e o estagiário, que curiosamente faz referência, proposital ou não, ao experimento do médico russo Ivan Pavlov, responsável por treinar cachorros com a intenção de ficar salivando por comida, mesmo sem ter o alimento por perto.
Esse resultado é estimulado através dos reflexos condicionados por comandos e recompensas, a experiência conhecida como: Cão de Pavlov – é o que vemos progressivamente em tela a cada ato de interação de ordem e recompensa até que Rommy esteja na mesma situação que a cadela de pastor alemão.
“Babygirl” chega aos cinemas nacionais no dia 9 de janeiro sendo uma excelente escolha para quem gosta de uma pitada sensual de suspense e drama, junto do flerte com BDSM capaz de despertar sensações, seja pela vergonha alheia ou pelo prazer.