Banner 13 junho, 2024
por Redação PerifaCon

“Avassaladoras 2.0” – Se perde ao tentar ser jovem

Um romance adolescente que falha como filme isolado e como continuação.

 

Texto por: Pierre Augusto

Um longa corajoso ao abordar o desespero da solidão na vida adulta e os tabus da sexualidade feminina. Esse é “Avassaladoras”, filme lançado em 2002 que traz, duas décadas depois, a sua continuação. “Avassaladoras 2.0” regride os poucos acertos de seu antecessor. Com uma profundidade reduzida, personagens que não geram nenhum interesse e a lição de moral sobre “mentir” mais manjada das comédias românticas.

Repetindo a direção, Mara Mourão conduz “Avassaladoras 2.0” para uma comédia romântica entre Bebel (Influenciadora, Fefe Schneider) uma jovem brasileira que mora em Los Angeles e J Crush (Murilo Bispo, cantor) um influencer Ecológico do Rio de janeiro. Ambos nutrem uma paixonite (ou se preferir um WebNamoro) alimentada por uma mentira, já que Bebel finge ser uma atriz em ascensão para impressionar seu “Crush”. O conflito se inicia quando a mãe da protagonista Laura (Juliana Baroni) decide visitar o Brasil, especificamente o Rio de Janeiro, assim colocando em risco toda fanfic feita por Bebel.

Os primeiros minutos já se iniciam com uma apresentação mega didática com a protagonista quebrando a quarta parede para nos estabelecer a sua relação com o par romântico, assim nos obrigando a acreditar em uma química que permanece ausente durante todo o longa.

(imagem: Divulgação)

As conversas rasas no formato de esquete tentam trazer humor ao filme com ocasionais quebras da 4ª parede, que não se encaixam no formato Teen adotado, passando longe de causar o efeito desejado. A narrativa preguiçosa com pessoas brotando repentinamente em cena trazendo informações chocantes ou a música subindo para avisar ao público que a fala foi uma piada, ocorrem a todo o momento, passando a impressão de desespero ao tentar se comunicar com o jovem de classe alta.

Para não dizer que não é de todo mal, dois personagens se destacam ao acertar o humor durante as eternas uma hora e meia de personagens sem sal. Lu, a melhor amiga da protagonista, é interpretada por Bibi Tatto e vai bem nas cenas de humor ao tratar com ironia e deboche as atitudes idiotas da história, servindo quase como nosso reflexo vendo aqueles clichês adolescentes. Wellington Nogueira que interpreta novamente Marcel (o único ator do primeiro filme que não foi reescalado), foi o responsável pelos melhores diálogos do primeiro longa e aqui seu tempo de tela infelizmente é reduzido, sendo que nas suas poucas falas rouba a cena com suas alfinetadas ácidas.

Ao tentar atrair o público mais jovem de maneira artificial, o longa opta por ser inteiramente raso nos seus diálogos, direção, trilha sonora e escolhas de montagem. Permanecer nos mesmos erros de seu antecessor pode ser uma limitação da direção, mas e diminuir a profundidade de toda trama? Isso foi uma escolha.

O filme já está disponível no cinemas