Banner 3 dezembro, 2024
por Redação PerifaCon

Arcane: A temporada final foi superestimada?

Após três semanas esperando pela saga completa, o encerramento da trama divide opiniões da crítica e dos fãs.

 

Texto por Ester Nascimento 

Depois de esperar praticamente 3 anos pela tão aguardada continuação de Arcane – nos alimentando com teorias, surtos e conspirações –, agora que temos os novos nove episódios, parece que nem todas as expectativas foram atendidas. A Fortiche Productions, junto de League of Legends e da Netflix, novamente entregaram tudo nos visuais na série, com um trabalho impecável de animação apresentando novas possibilidades de estilizações dramáticas que às vezes comunicam bem mais que os diálogos. 

Com cenas em aquarela, grafite puro, giz de cera, em negativo e outros materiais semelhantes, a Riot novamente proporcionou grandes momentos ao apresentar e reapresentar personagens, com destaque para o Warwick (que foi ansiosamente aguardado pelo público) e a Isha, indo até o limite com a sua moral, psicológico e a noção de fazer o que é certo ou errado. A profundidade dos personagens desta vez não alcançou todos os arcos como foi na primeira temporada com jogadas audaciosas de tramas, mas equilibradas com pontas soltas o suficiente para o capítulo de encerramento. 

Na segunda temporada, temos um ritmo corrido com um certo tom de urgência de finalizar o épico sem deixar de lado a tensão. Aqui, com atos de três capítulos a cada sábado, o hype foi mantido, mas o preço é que foi possível reparar em mais tropeços. Mesmo sem a necessidade de introduzir o universo ou explicar conceitos, ainda sim muitos fãs da série não são jogadores de Lol e não entenderam algumas subtramas como a da Rosa Negra sendo mal aproveitadas, mesmo envolvendo a Mel e Ambessa Medarda – personagens que fizeram tanto sucesso que vão virar ou já são campeãs dentro do jogo.

Apesar disso, bancaram fanservices sem subtexto LGBTQPINA+ por aqui. Vi e Caitlyn ficam juntas e se separam ao longo dos episódios conflitantes em que elas e outros personagens se encontram, que faz valer cada interação delas em cenas que foram até censuradas em alguns países (Estão passados?). Jaycen e Viktor acabaram sendo outro núcleo central por conta da parceria mal resolvida deles, em como esta “amizade” estava destinada a acontecer independente da gloriosa evolução e da magia da Runeterra que o universo se passa. 

Ekko e Jinx (na versão de Powder) também mostram como as coisas poderiam ser diferentes em outro universo, assim como foram responsáveis pelo ápice da melhor cena da primeira temporada, desta vez não foi diferente, com direito a música vira Ma Meilleure Ennemie, de Stromae et Pomme, que está no Top 3 do Spotify Mundial e embalou a animação numa dança fora do “compasso” por estar em quatro quadros de velocidade, provando que o multiverso ainda pode ser explorado fora do clichê. 

Mesmo com esse tipo de acerto, a quantidade de clipes musicais e o uso de slow em todos os episódios pode ter esvaziado um pouco essa proposta, principalmente na hora da ação, sem tirar seus méritos. Um exemplo de inovação que com certeza deu certo é a abertura, onde, apesar de manter a mesma música “Enemy” do Imagine Dragons, temos diversos instantes onde os personagens fazem referências artísticas a dramas teatrais, como Os Miseráveis, Júlio César e O Fantasma da Ópera, e takes rápidos de easter eggs que tornam cada ato dos episódio uma abertura única.

No final, dá a sensação de ser como a música “Como Nossos Pais”, de Elis Regina, por conta da repetição de ciclos, onde, se você olhar sob o prisma de cada um, você pode entender e até se identificar com os personagens. Para além das mortes, sacrifícios e atitudes extremamente duvidosas (menos o Dr. Singred que, apesar de todas as atrocidades, teve seu final feliz), sem dúvidas o saldo de tudo isso é positivo, ainda mais, quando ficamos sem a nossa dose tripla de Arcane. 

Tanto que, mesmo sendo a animação mais cara feita até o presente momento, já existem especulações e esperanças de novas histórias para serem contadas dentro desse universo tão rico de LOL. Mantendo o seu posto de melhor adaptação animada de um jogo para TV, a pergunta que fica é: quem sabe quando será a próxima vez que veremos novamente todo esse espetáculo visual?