Banner 19 agosto, 2022
por Raphael Guimarães

O que assistir depois de Cuphead?

‘Swing You Sinners’ é a animação ideal para se manter na energia anos 30 de desenhos animados Em setembro de 2017 era lançado Cuphead – Don’t Deal With The Devil, um jogo de plataforma e TIRINHO CORRENDO (porque me recuso a usar o termo run and gun) desenvolvido pelos irmãos canadenses Jared e Chad Moldenhauer. […]

 

‘Swing You Sinners’ é a animação ideal para se manter na energia anos 30 de desenhos animados

Em setembro de 2017 era lançado Cuphead – Don’t Deal With The Devil, um jogo de plataforma e TIRINHO CORRENDO (porque me recuso a usar o termo run and gun) desenvolvido pelos irmãos canadenses Jared e Chad Moldenhauer. E desde lá já era esperado por muitos fãs que em algum momento uma adaptação do jogo fosse lançada em animação. Por que? É simples, porque fomos induzidos a querer! 

Praticamente tudo que torna Cuphead um jogo tão original e fora do que estávamos acostumados a ver como lançamentos populares em 2017 é a seguinte pergunta: e se um videogame fosse lançado nos anos 1930 com a mesma estética que as animações da época usavam?

O jogo responde essa pergunta entregando uma experiência divertida, rica em referência e extremamente satisfatória, causando uma nova pergunta, dessa vez dos fãs: e se ESSE jogo tivesse seu próprio desenho, hein?

Pois em 2019 essa pergunta foi respondida também, com o anúncio de que uma série baseada no jogo estaria sendo produzida pela Netflix. E em fevereiro de 2022, o ciclo se fechou e a série foi lançada. Uma animação baseada em um jogo baseado em animações  Agora, no dia 19 de agosto, a Netflix já lançou a segunda temporada da série (que foi feita junto com a primeira temporada mas lançada só agora).

Uma ideologia presente tanto no público de Cuphead quanto nos criadores da obra é a de que “animação nunca é demais”. Portanto, se você assistiu os episódios de Cuphead na Netflix, talvez você esteja atrás de outra animação pra assistir agora. Assim sendo, por que não aproveitar esse momento para falar de um dos curtas animados dos anos 30 que mais dita as regras seguidas por Cuphead?

Swing You Sinners! (1930, Dave Fleischer)

O póbi do Bimbo. Reprodução: Paramount Pictures

Quando dizemos que todo o universo de Cuphead é baseado em animações antigas, estamos falando de uma era bem específica: A chamada Era de Ouro das Animações. Nesse período, os Estados Unidos estavam completamente apaixonados por curtas animados em preto e branco com pouco foco em trama e muito foco em mascotes mudos vivendo aventuras movimentadas e caóticas. É daí que Cuphead pega muita coisa.

Os próprios personagens Cuphead e Mugman (ou, em português, Caneco e Xicrinho) se inspiram muito em personagens como Mickey, Gato Felix e Bimbo; esse último, protagonista de Swing you Sinners!, curta disponível no Youtube que chega a parecer uma prequel de Cuphead, de tão próximas que são as obras. 

Reprodução: Paramount Pictures

No curta, o cachorrinho Bimbo tem um dia péssimo que começa com uma tentativa falha de roubar uma galinha, uma fuga da polícia e um encurralamento num cemitério onde o coitado do Bimbo é julgado por almas e fantasmas que querem puni-lo por seus inúmeros crimes. Tudo isso enquanto vemos personagens (de galinhas a fantasmas, passando por lápides falantes e sapos cantores) dançarem balançando suas pernas e braços flexíveis, compridos e sem juntas (característica típica do estilo de animação rubber hose). 

Assistindo Swing You Sinners você já se prepara um pouco pra toda a temática sinistra, fantasmagórica e aterrorizantes que os curtas daquela época costumavam ter e que Cuphead replica tão bem em sua trama, tanto no jogo quanto na série. 

Não é só a vibe, né? Tem bastante coisa parecida…

Inclusive, um episódio específico é totalmente baseado nas cenas de Bimbo cemitério; já um motivo a mais pra assistir o curta logo depois da série e depois reassistir a série, caçando essa referência. Ou se não quiser se prestar a esse papel de nerdola de desenhos animados (como eu sou, infelizmente), você pode só aproveitar para usar o divertido curta que ajudou a moldar a animação como a conhecemos hoje:

Menções honrosas: Outros curtas da época que também servem como referência nesse tom assustador são The Skeleton Dance (1929, Walt Disney), Lonesome Ghosts (1937, Burt Gillet) e outro curta de Bimbo, com uma das primeiras aparições de Betty Boop, Bimbo’s Initation (1931).