Banner 8 março, 2022
por Andreza Delgado

O novo ‘Massacre da Serra Elétrica’ e a urgência de abandonar vilões clássico do terror

Arriscando mexer com mais um fandom e arrumar “treta”, eu preciso verbalizar minha total insatisfação com as dezenas de remakes custeados na nostalgia, o fenômeno que não acontece somente no quesito terror. Como já diz o título da queixa, quero usar de exemplo o mais novo fiasco da praça, O Massacre da Serra Elétrica: O […]

 

Arriscando mexer com mais um fandom e arrumar “treta”, eu preciso verbalizar minha total insatisfação com as dezenas de remakes custeados na nostalgia, o fenômeno que não acontece somente no quesito terror.

Como já diz o título da queixa, quero usar de exemplo o mais novo fiasco da praça, O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface, que estreou recentemente na Netflix e mantém a posição nos filmes mais assistidos da plataforma.

Sou uma grande entusiasta do gênero slasher, lembro-me da primeira vez que vi Leatherface, cuja a aparição já fez 50 anos desde o primeiro filme lançado em 1974 sob direção de Tobe Hooper, e que curiosamente chegou momentaneamente a ser proibido na França e Inglaterra. Eu tremia de medo principalmente pelo ar documental do filme, e as lendas entre nós do filme ser baseado em fatos reais.

O Massacre da Serra Elétrica – Filme de 1974

Corta para 2022 com o tão esperado retorno de Leatherface com uma história de plano de fundo onde quatro jovens decidem empreender leiloando propriedades antigas da cidade fantasmagórica de Harlow, no Texas. Embora eu acredite que revitalizar modernizando o roteiro para discussões atuais não seja ruim, isso inclui fortemente o momento tragicômico do vilão ao vivo no Instagram sobe ameaça de cancelamento. Existe uma forçada de debate político quase que constrangedora para politizar e deixar o longa com um ar mais “politizado”, o que na minha opinião só atrapalha.

Nada contra o diretor David Blue Garcia, que assina a versão comprada pela Netiflix, mas terror com fundo político-social não funciona em qualquer filme de terror.

https://twitter.com/eujadacampbell/status/1494830925645025286?s=20&t=U-VrL3i7BC1f_-Xpey_vNg

E por incrível que pareça, o telespectador está sempre pronto para abraçar um Deus ex machina (recurso utilizado para indicar uma solução inesperada, improvável e mirabolante para terminar uma obra), que é o que usam para convencer que esse filme é uma continuação do primeiro massacre, e que o rapaz que usa pele humana no rosto, agora já de idade, mas nem tanto, continua vivo.

As duas protagonistas do filme Sarah Yarkin (A Morte Te Dá Parabéns 2) e Elsie Fisher (Castle Rock) embarcam numa tentativa agonizante misturada com jump scares para se salvar do Serial Killer enquanto tentam receber um help de Sally Hardesty única sobrevivente do primeiro filme, que dura exatos 5 minutos de tela e morre da forma mais “cringe” possível, provando o meu argumento que apostar na nostalgia como receita de sucesso deveria ser mais contestado e rejeitado.

Não vou bancar a hipócrita aqui, porque eu curto uma nostalgia, mas é preocupante pensar que para alguns estúdios o fato de reviver vilões passados é receita certa para sucesso, e apesar do filme ser um dos mais assistidos do streaming a alta rejeição é quase que unanime nas redes sociais.

Apostar no novo no que diz respeito o gênero do Terror é uma boa saída para quem sabe ver o gênero mais premiado nas grandes premiações: será que é sonhar alto imaginar um Oscars de melhor filme para categoria terror?