por Giulia Cardoso
“Não fale o Mal” carrega uma perspectiva diferente para algo que já foi feito
O longa traz uma refilmagem, menos desconfortável, do filme dinamarquês que o inspirou.
“Não Fale o Mal” apresenta uma família que decide fazer uma viagem e conhece Paddy(James McAvoy), Ciara (Aisling Franciosi) e seu filho Ant (Dan Hough), que os convidam para passar um final de semana na fazenda. O que parecia ser uma experiência divertida acaba se transformando em um pesadelo. Essa premissa instigante, no entanto, enfrenta um grande problema: já foi trabalhada em outro filme.
Na verdade, este longa é uma refilmagem de um filme dinamarquês com o mesmo nome e que foi lançado em 2022. Muito se falou sobre a necessidade de fazer uma versão estadunidense e como estava cedo para isso. Agora, temos ele lançado e um questionamento: Vale a pena (re)ver “Não Fale o Mal”?
Pelo viés de “apenas um filme de terror psicológico e drama familiar” funciona, conseguindo agradar e deixar tenso, não muito, mas o suficiente para que o espectador fique curioso pelo mistério. Sem contar que o último terço do longa é bem…movimentado, tendo momentos com cenas de tirar o fôlego e que chocam quem assiste.
Certo, e pelo viés de remake? Nesse âmbito, não alcança seu antecessor e muito menos faz boas referências a ele, se limitando a uma cópia piorada. De início parece promissor, principalmente por entregar as cenas clássicas de 2022 de forma criativa, trazendo outras perspectivas e criando “novos personagens”, mas depois, realmente acaba sendo doloroso ver sequências tão desconfortáveis e intensas sendo substituídas por algo tão indiferente.
Além disso, no momento em que o longa decide se diferenciar da origem, acaba dando lugar para clichês e convenções de roteiro, tendo, sim, um final (e clímax) totalmente diferente; algo legal, mas que fica “lugar comum” depois de um tempo.
Sobre atuações, o casal principal Ben e Louise Dalton (Scoot Nairy e Mackenzie Davis) junto de sua filha Agnes (Alix West Lefler) são presas fáceis e com atuações boas. Mackenzie tem mais destaque (provavelmente por ser um nome de peso) enquanto Scoot faz um papel de bobo e idiota. Alix é a mais fraquinha desse núcleo e sua personagem também não a ajuda, pois tenta ser a “criança ansiosa” mas não entrega (algo que daqui a uns anos pode mudar).
Já a família que recepciona os Dalton traz um James McAvoy com muito destaque, mas que, do meio pro final, fica uma caricatura de psicopata, sendo bem exagerado e, por vezes, parecido com seu personagem em A BESTA de “Fragmentado (2016)”. Algo que pode ser um divisor de águas, podendo agradar algumas pessoas mas deixando outras bem desapontadas.
No fim, “Não fale o Mal” é um bom, se analisado de forma individual (lembrando sempre que bom não é ótimo!), mas que sofre com a tendência do mercado americano que deseja sempre ter sua própria versão mais simplificada de tudo.
o longa já está disponível nos cinemas