Banner 3 outubro, 2024
por Giulia Cardoso

“Coringa: Delírio a Dois” diminui o impacto de seu antecessor

Apesar da premissa interessante, o filme não tem grande potencial

 

Muitos andam questionando o motivo pelo qual “Coringa 2” é um filme musical e, de fato, isso virou uma questão (e um motivo) para tirar o espectador de sua casa. A princípio, eu não via problemas nessa premissa, afinal, os personagens Coringa e Arlequina permitem esse “amor louco”, porém todo esse surrealismo acabam atrapalhando uma boa trama.

No filme de 2019, conhecemos o Artur Fleck (Joaquin Phoenix) e ficamos perplexos com o decorrer de sua história. Agora, Fleck se encontra preso e aguardando seu julgamento, quando em uma aula de música, conhece Harleen Quinzel (Lady Gaga), uma paciente do Arkham que faria de tudo para ficar com ele. 

Apesar de criativo, este novo longa é cansativo. Suas duas horas e dezenove minutos que não passam voando, na verdade, essa trajetória toda convence apenas nos primeiros 20 minutos, mas vai enchendo o saco do espectador.

Eu realmente gostaria de pegar leve com o filme, já que ele tenta (e muito) ser diferente em seu tom e criativo nos números musicais. O problema é que isso desonra o antecessor, principalmente por tentar expandir uma narrativa que era contida. Ele abre debates sobre saúde mental de forma expositiva e meio vergonhosa (sabe toda aquela subjetividade que trazia dualidades ao primeiro? Tchau!), além de trazer uma trama de tribunal que revive momentos traumáticos do Arthur para explicitar os seguintes questionamentos: “Por que ele é assim?”, “Coringa e Arthur são a mesma pessoa?” “A mãe dele realmente era legal?”. 

Enfim, é desanimador bater tanto em um longa, sobretudo em um que acerta novamente em sua direção e atores (chegou a hora de falar da Gaga!). Os momentos musicais são lindos e inspiradores. Foi investido muito ali, tanto os figurinos quanto a direção de arte estão excepcionais. Todd Phillips acerta na construção da década representada e conduz bem os planos, valorizando o ambiente e seus atores.

Joaquin Phoenix é sem palavras! Se antes ele estava física e emocionalmente ligado a seu personagem, aqui consegue ir da apatia completa até a falsa confiança e petulância que uma pintura e roupas de palhaço conseguem lhe dar. Fora que ele canta, dança (o que pode sim ser um dublê) e conquista nossa empatia. Tá pra nascer alguém mais sofrido que esse homem.

Sobre a Lady Gaga, eu tentei, mas ela não é minha Arlequina favorita. Sim, ela é maluca, imprevisível e ótima cantora (rs), mas acima de tudo ela é odiável (no pior sentido da palavra). Sua personagem é chata e tenta forçar uma narrativa que o público SABE QUE NÃO É REAL. Sério, como raios eu (espectador) vou me convencer com o que ela fala se temos um filme de 2h horas falando exatamente o oposto? Me digam!!

É isso, “Coringa: Delírio a Dois” tem uma ótima ideia, mas sua execução reforça o motivo de tantas pessoas odiarem continuações, reboots e remakes. Algumas histórias deveriam permanecer sozinhas e algumas ideias deveriam permanecer nos rascunhos.

O longa já está disponível nos cinemas